O padre Júlio Cezar Souza Cavalcante, pároco de Nossa Senhora da Candelária, em Natal (RN), foi afastado de todas as suas funções ministeriais por ter tido relações com um homem antes de celebrar o casamento dele. Um áudio do padre falando do caso, gravado em 2019, foi divulgado na semana passada. A relação entre o sacerdote e o noivo teria acontecido entre 2010 e 2012.

O áudio vazado é de uma conversa entre uma mulher, o marido dela e o padre. Na gravação, padre Cavalcante admite que teve relações sexuais com o marido da fiel antes de celebrar o casamento deles. O sacerdote diz que “foi uma grande fraqueza” e que, antes do casamento ele se confessou e orientou o noivo a se confessar também.

Após a repercussão do caso, o arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira da Rocha, determinou o afastamento de padre Júlio Cavalcante, “a fim de que possam ser apurados os fatos e tomadas as devidas providências”. O arcebispo também “determinou que fosse aberta uma investigação prévia, conforme prescreve o Direito Canônico, para que sejam averiguadas as possíveis responsabilidades”.

“Rogamos ao Bom Deus que tudo seja esclarecido e, para o bem do povo de Deus, possa reinar a paz nos corações”, afirma nota da arquidiocese de Natal.

O caso ganhou nova repercussão após padre Antônio Murilo de Paiva, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim (RN), comentá-lo durante a homilia da missa de domingo (5). O sacerdote afirmou que “o clero de Natal é um clero perseguido” e que, “se fosse em outro tempo, no de frei Damião, ele já teria organizado o povo para tocar fogo naquela rádio e naquela TV que tem um cara sem futuro que fica falando todos os dias mal dos padres”.

“O tempo é outro, mas está na hora da gente reagir, porque tudo aquilo que é ato comum para outras pessoas é igualado a crime para os padres. Pior de tudo que a Igreja se dobra, a Igreja fica calada. Mas, está na hora de reagir. São pessoas que estão sendo destruídas”, afirmou.

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Padre Paiva alegou que faz dez anos que o fato aconteceu. “Se fosse crime, qual o crime que não prescreve com dez anos? Um ou dois crimes”, afirmou. Segundo ele, “o padre [Júlio Cavalcante] fez canonicamente tudo correto. Se confessa antes do casamento e pede que o noivo se confesse com outro padre. Faz o casamento, talvez tenha sido o deslize aí”.

Afirmou ainda que, “se o pecador se confessa, reconheceu seu limite, diante do seu limite, fez o seu papel de sacerdote, aconselhou, o conselho foi aceito, foi vivido e ele agora é condenado pelo tribunal aberto das mídias sociais”.

Em declarações ao site Tribuna do Nordeste, a arquidiocese de Natal disse que tomou conhecimento sobre as declarações de padre Paiva e que se trata “de uma opinião pessoal do padre, com a qual o governo arquidiocesano não concorda”.

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