Lisboa, 1 de jul de 2022 às 14:52
Afonso e Pedro Sousa são irmãos gêmeos, têm 24 anos e partilham a mesma vocação. No domingo (3), eles serão ordenados padres em Lisboa, Portugal. Embora garantam que cada um desenvolveu seu discernimento vocacional de modo independente, ambos reconhecem a importância da família na formação católica.
“O primeiro seminário foi a família”, disse à Agência Ecclesia, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Pedro Sousa, o primeiro a entrar no seminário, aos 14 anos. Afonso disse que eles nasceram em uma “família cristã” e que “a família é a base para a construção da nossa Igreja doméstica”. “Ali temos a primeira Igreja. Eu e o Pedro aprendemos a rezar com os pais”, disse, recordando que foi com os pais e as duas irmãs que tiveram “as primeiras experiências de vida na Igreja”. Os gêmeos brincavam de celebrar a missa e Pedro já dizia desde a infância que queria ser padre.
Segundo eles, mesmo com a vivência católica em família, a ida de Pedro para o seminário não foi tão facilmente aceita. “Os pais diziam que com 14 anos havia ainda muito a viver, manifestando também a preocupação de haver muito a educar”, disse Afonso, que um ano depois também foi para o seminário, após um convite pessoal.
“Eu não fiz o discernimento pelo Afonso, nem o Afonso por mim, cada um foi fazendo o caminho sem querer bloquear o outro”, disse Pedro em entrevista à Rádio Renascença, também da CEP. Os irmãos disseram ainda que, mesmo no seminário, buscavam mostrar que eram independentes um do outro.
Foram cerca de dez anos de formação no Patriarcado de Lisboa até chegar o dia da ordenação sacerdotal, que acontecerá no Mosteiro dos Jerônimos, na capital portuguesa. “É difícil para alguns perceberem que vou ser padre aos 24 anos. Questionam as coisas que vou deixar de viver, mas a verdade é que quando somos formados com profundidade e a querer a abertura, a nossa vida transforma-se. Hoje não somos o mesmo Afonso e Pedro”, disse Afonso à Agência Ecclesia.
Por sua vez, Pedro declarou que nesse caminho vocacional, as renúncias não são apenas um “não”. “Eu renuncio mas digo ‘sim’ a outras coisas”, afirmou. Citou, por exemplo, o fato de os padres não poderem se casar. Segundo ele, isso “equivale à graça de poder viver como Jesus, com amor que é para todos. É decisivo falar sobre isto porque é relacional e constrói-nos como pessoas; não podemos dizer que o padre perdeu a sua afetividade – ganhou-a de outra forma. Renunciamos a uma relação conjugal para nos entregarmos com disponibilidade à Igreja”, disse.
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Os futuros sacerdotes esperam que a Jornada Mundial da Juventude que acontecerá em 2023 em Lisboa ajude outros jovens a descobrirem suas vocações. Segundo eles, “o Senhor continua a chamar com a mesma intensidade”. Mas, o que muitas vezes falta é “um ambiente propício para responder”. “Se os pais não falarem aos filhos da experiência boa que é participar na missa, se os catequistas não falarem da importância do encontro com Jesus, se o padre não chamar, então não é fácil”, disseram à Rádio Renascença.
“O método com que fomos chamados, eu e o Pedro, tem mais de 2 mil anos de garantia! É o método com que Deus chamou os apóstolos”, disse Afonso.
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— ACI Digital (@acidigital) December 14, 2020