Vaticano, 4 de jul de 2022 às 13:00
O papa Francisco disse que respeita a decisão da Suprema Corte dos EUA de revogar a decisão do caso Roe x Wade, que, em 1973, liberou o aborto no país, mas criticou bispos que perdem sua “natureza pastoral”, ao responder sobre negar a comunhão a políticos católicos pró-aborto.
Falando à agência de notícias Reuters no fim de semana, o papa disse que respeitava a decisão no caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, embora não soubesse o suficiente para falar sobre os aspectos jurídicos.
O caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization opunha Jackson, uma clínica de abortos, ao estado do Mississipi, que adotou uma lei proibindo todo aborto depois da 15ª semana de gravidez. Desde 1973 as leis estaduais de proibição ou restrição ao aborto vinham sendo derrubadas pela Justiça americana com base na decisão Roe x Wade.
Na decisão do caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, emitida no dia 24 de junho, a Suprema corte decidiu que não há direito constitucional ao aborto e um suposto direito constitucional á privacidade, base da decisão de 1973, não poderia abranger o direito ao aborto. Com a decisão, os órgãos legislativos dos Estados americanos e mesmo o Congresso nacional podem restringir ou mesmo proibir o aborto.
Na entrevista à Reuters, publicada em 4 de julho, Francisco comparou o aborto a “contratar um assassino de aluguel”, o que já havia feito em outras ocasiões. “Eu pergunto: é legítimo, é certo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?”
Também lhe foi perguntado sobre se os políticos católicos que promovem o aborto legal devem ser admitidos à Sagrada Comunhão.
Em maio, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, foi impedida de receber a comunhão em sua diocese de São Francisco pelo arcebispo Salvatore Cordileone por causa de sua defesa do aborto.
Pelosi (D-Calif.) teria recebido a Sagrada Comunhão em uma missa com o Papa Francisco no Vaticano em 29 de junho. Não está claro se o papa estava ciente de que Pelosi estaria presente, embora a Santa Sé tenha divulgado uma foto mostrando os dois se cumprimentando dentro da basílica de São Pedro.
“Quando a Igreja perde sua natureza pastoral, quando um bispo perde sua natureza pastoral, isso causa um problema político. Isso é tudo o que posso dizer", respondeu o papa á Reuters.
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A entrevista de 90 minutos em italiano aconteceu em 2 de julho em uma sala de recepção no térreo da pousada Santa Marta do Vaticano, onde o papa mora.
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