Roma, 14 de jul de 2022 às 09:44
A Igreja Católica no Camboja está em festa, porque há poucas semanas celebrou a ordenação do primeiro sacerdote da etnia Phnong no país onde há menos de 50 anos muitos católicos foram perseguidos e massacrados.
A agência Fides, serviço noticioso das Pontifícias Obras Missionárias, informou que em 29 de junho, festa de São Pedro e São Paulo, o vigário apostólico de Phnom Penh, dom Olivier Schmitthaeusler, celebrou a ordenação de padre Bun Hong Prak, primeiro padre da etnia Phnong.
A missa foi celebrada na Igreja de São João Batista, templo católico que pertence à comunidade de Busra, província de Mondulkiri, que fica a mais de 500 km de Phnom Penh, Camboja.
Segundo a Fides, este território é habitado principalmente pela minoria étnica Phnong e a paróquia conta atualmente com 300 católicos, a maioria agricultores.
Fides destaca que a pequena comunidade católica local acompanhou o padre com músicas e danças tradicionais até chegar à igreja para entregar o "presente a Deus de um jovem Phnong".
Durante a missa, Prak agradeceu ao Senhor por seu chamado vocacional, lembrou a importância de sua missão e prometeu levar Cristo ao seu povo.
“Deus me chamou e me escolheu em seu grupo de sacerdotes para servir a Ele e à comunidade. Agora Ele me abençoou, através do bispo, para me dar forças para servir a Igreja no futuro”, disse ele.
“Como sacerdote, a pessoa é chamada a servir, dar a vida e distribuir os sacramentos de Deus para os católicos”, disse o padre Bun, que agora servirá nos três distritos eclesiásticos do Camboja.
“Quero compartilhar a Boa Nova com as pessoas ao meu redor, para tornar mais conhecido o amor de Jesus e de Deus por cada criatura”, concluiu.
Dom Olivier Schmitthaeusler destacou que a nova ordenação nesta "zona remota" é uma resposta aos esforços do "anúncio do Evangelho" no país.
Ele também chamou a seguir o exemplo de são Pedro e são Paulo e deixar o "Espírito nos levar a pregar o Evangelho: seguir a vontade de Deus, anunciar Jesus Cristo, Filho de Deus, correndo com fé para o nosso objetivo: a vida eterna".
Recordou também que “o padre não recebe uma missão ou uma responsabilidade como um simples trabalho, mas toda a sua vida é consagrada pelo próprio Jesus Cristo. Ele participa da vida de Jesus e é padre durante toda a sua vida”.
Para o bispo, disse que ser padre implica “ser alter Christus; fazer parte da família dos sacerdotes; ouvir e anunciar a Boa Nova; ter uma vida de oração; administrar os Sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Reconciliação; e, finalmente, sacrificar toda a vida como Jesus Cristo”.
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Schmitthaeusler pediu aos 52 sacerdotes presentes que “incentivem, acolham e sejam modelo para o novo sacerdote, para viver em fraternidade como família em Jesus Cristo e a estar unidos em Deus”; e anunciou que em setembro serão ordenados três novos diáconos do seminário maior São João Maria Vianney.
Por fim, o bispo agradeceu e encorajou o novo sacerdote em sua missão, que é a de ser o décimo clérigo a servir pastoralmente nos três distritos eclesiásticos do Camboja.
Segundo Fides, a comunidade de São João Batista em Busra, onde nasceu Bun, foi formada por 15 famílias da etnia Phnong que escolheram renunciar ao animismo para se converter ao catolicismo, depois de fugir para o Vietnã em meio à crise guerra civil no Camboja, que ocorreu entre 1967 e 1975 e coincidiu com a Guerra do Vietnã e a Guerra Fria.
Anos depois, dez famílias da etnia voltaram para Busra para se estabelecer e as outras cinco famílias se estabeleceram em Dak Dam. Em 1996, um voluntário francês chamado Vincent Sénéchal descobriu a comunidade católica e viu que ela precisava de padres que a visitassem e celebrassem a missa. Quase 30 anos depois, a paróquia celebra seu primeiro padre.
Embora a evangelização no Camboja tenha começado há mais de 450 anos e a primeira comunidade católica do país tenha sido fundada em 1555 graças aos missionários portugueses, a transmissão da fé foi enfraquecida durante o regime de Pol Pot, no poder entre 1975 e 1979.
Segundo a Fides, durante este tempo a infraestrutura da Igreja Católica foi destruída e "todos os bispos, sacerdotes, clérigos, leigos e um grande número de católicos" foram mortos, e "todos os missionários estrangeiros" foram expulsos do Camboja.
Em 1970, havia 65 mil católicos, mas após o massacre liderado por Pol Pot, apenas cerca de mil permaneceram em 1979, quando o exército vietnamita invadiu o país. Nenhum dos padres e freiras cambojanos sobreviveu.
A agência disse que o renascimento da Igreja Católica no Camboja é recente, pois em 2001 quatro padres foram ordenados “pela primeira vez” no país. Hoje a Igreja no país tem "cerca de 20 mil católicos, 10 padres cambojanos e cerca de 10 freiras".
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— ACI Digital (@acidigital) July 14, 2022