O arcebispo de Piura e Tumbes, dom José Antonio Eguren, fez um chamada na terça-feira (26) a defender a democracia e a liberdade no Peru diante dos casos de corrupção desde o início do governo do presidente Pedro Castillo, que completará seu primeiro ano amanhã (28), no Dia da Independência do país.

"Neste novo aniversário pátrio, faço um chamado ao entendimento e à união entre todos os peruanos e piuranos para defender nossa democracia e nossas liberdades fundamentais”, disse o arcebispo, em missa celebrada na catedral basílica de Piura, por ocasião da 201º aniversário dai do Peru.

“Vemos com dor e profunda preocupação como a corrupção atingiu níveis inconcebíveis, escandalosos, e manchou os mais altos representantes do poder político, incluindo seus familiares mais próximos”, lamentou o arcebispo. "Em apenas um ano, as denúncias de corrupção no governo não pararam de acontecer dia após dia diante da indignação e do escândalo de todos".

Em 22 de julho, o Ministério Público acional abriu a quinta investigação criminal contra o presidente Castillo. É a primeira vez na história peruana que um presidente em exercício é investigado.

Três das investigações estão relacionadas a supostos atos de corrupção, uma por acobertamento ou obstrução de justiça e a última por diversos plágios detectados em sua dissertação de mestrado.

Quatro das investigações – exceto o caso de plágio – se referem a eventos supostamente ocorridos em menos de um ano de governo.

Além das investigações contra o presidente, seu sobrinho Fray Vásquez, o ex-ministro de Transportes e Comunicações Juan Silva e seu ex-secretário geral do gabinete presidencial, Bruno Pacheco, estão envolvidos em atos de corrupção e fugiram.

Pacheco, que renunciou ao cargo em novembro de 2021 depois que o Ministério Público encontrou 20 mil dólares em dinheiro em seu banheiro pessoal no Palácio do Governo, estava foragido há mais de 100 dias, até o último fim de semana.

Em 26 de julho de 2022, o Ministério Público Nacional confirmou que o ex-secretário se entregou à justiça. Pacheco é investigado por supostos atos de corrupção nos quais o presidente também está envolvido.

Em sua homilia, dom Eguren perguntou-se se este governo de "desgoverno e caos", "marcado por tantos escândalos", será capaz de se sustentar em meio à "compreensível indignação e ao repúdio nacional".

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“Em um ano de governo foram quatro gabinetes ministeriais e 52 ministros de Estado. Em alguns ministérios tão importantes como o do Interior, chamados a garantir a ordem interna e pública e proteger o livre exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas, foram nomeados nesta pasta sete ministros, em menos de um ano”.

“A tudo isso se soma a terrível escolha, por parte do Executivo, das equipes de governo para conduzir o Estado peruano”, disse o arcebispo.

Dom Eguren disse que, “com a atual ingovernabilidade que existe, gerou-se uma série de atos de violência, mortes e lesões graves de compatriotas, sequestro, extorsão e roubo agravado de jornalistas, ameaças claras à liberdade de imprensa, destruição de propriedade pública e privada, greves que prejudicam o crescimento econômico do Peru e o bem de todos os peruanos”.

Por outro lado, o arcebispo de Piura também criticou que o Congresso peruano não consiga “entrar em acordo, esteja dividido, engajado na luta pelo poder, colocando seus interesses particulares e os de um grupo político antes dos interesses sagrados do Peru”.

O arcebispo assegurou que suas palavras procuram "ser um estímulo para que todos nós reajamos, por amor ao Peru", "porque não podemos e não devemos continuar como antes".

“Nossos santos peruanos, santa Rosa de Lima e são Martinho de Porres, e nossos heróis como Miguel Grau, representam não só o melhor do Peru, mas também a certeza de que os peruanos são capazes de forjar uma pátria justa, fraterna e reconciliada, fundada nos valores e virtudes morais que engrandecem uma nação”.

“Valores e virtudes que brotam da fé cristã e católica, que é o substrato da alma peruana e que são vivificados por ela”, acrescentou dom Eguren.

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