REDAÇÃO CENTRAL, 28 de jul de 2022 às 12:00
O papa Francisco visita o Canadá desde 24 de julho e já pediu perdão aos indígenas em várias ocasiões, pelo que aconteceu nas escolas residenciais do governo do Canadá que separavam crianças indígenas de suas famílias para facilitar sua assimilação à sociedade canadense. Algumas dessas escolas eram administradas por instituições católicas. Não se falou, no entanto, dos mártires jesuítas mortos por povos indígenas na América do Norte.
Em setembro de 1984, o papa são João Paulo II celebrou uma liturgia da palavra com os povos indígenas do Canadá no santuário dos Mártires, evento que contou com a presença de cerca de 75 mil pessoas.
Na ocasião, são João Paulo II lembrou os padres jesuítas franceses Jean de Brébeuf, Isaac Jogues, Gabriel Lalemant, Antoine Daniel, Charles Garnier e Noël Chabanel, assassinados entre os anos de 1642 e 1649.
"Inflamados de amor a Cristo e inspirados por santo Inácio de Loyola, por são Francisco Xavier e outros grandes santos da Companhia de Jesus, esses sacerdotes vieram ao Novo Mundo para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo aos povos nativos deste país", disse o papa polonês em sua homilia.
“Dois irmãos leigos faziam parte deste grupo de missionários: René Goupil e Jean de la Lande. Com igual coragem e fervor, ajudaram os sacerdotes em seu trabalho, deram provas de grande dedicação e serviço aos indígenas, e com o sacrifício de suas vidas obtiveram a coroa do martírio”, disse são João Paulo II.
Esses missionários chegaram ao Canadá no século XVII, para evangelizar povos indígenas como os huronianos e os iroqueses.
Cinco deles sofreram o martírio no território do atual Canadá: Jean de Brèbeuf (16 de março de 1649), Antoine Daniel (4 de julho de 1648), Gabriel Lallemant (17 de março de 1649), Carlos Garnier (7 de dezembro de 1649) e Noël Chabanel (8 de dezembro de 1649).
Os outros três foram martirizados no território que hoje corresponde aos Estados Unidos: padre Isaac Yogues (18 de outubro de 1646), e os leigos René Goupil (29 de setembro de 1642) e Jean de La Lande. (19 de outubro de 1646).
Uma vida a serviço dos indígenas
São Jéan de Brébeuf se dedicou a ensinar e catequizar os huronianos que o chamavam de Echon, na sua língua. A facilidade do santo pra os idiomas lhe permitiu conhecer mais sobre a cultura e a espiritualidade indígena.
As conversões estavam ocorrendo lentamente. Em 1635, conseguiu batizar alguns huronianos. O número subiu para 86 em 1636.
Em 1640, depois de uma missão malsucedida, padre Brébeuf quebrou a clavícula e foi enviado a Quebec para se recuperar. Ele ensinou o idioma dos huronianos e foi um confessor religioso, também pregou para os colonos franceses.
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Por volta de 1642, compôs uma canção de Natal huroniana, a canção natalina mais antiga do Canadá. Em 1647, as conversões dos huronianos à fé católica chegavam aos milhares.
O martírio dos jesuítas nas mãos dos indígenas
Padre Brébeuf foi capturado junto com padre Gabriel Laleman quando os iroqueses destruíram a Missão Saint-Louis. Esses indígenas torturaram os missionários e nativos convertidos antes de matá-los.
Quando mataram são Jéan de Brébeuf, entre outros tormentos, derramaram água fervente em sua cabeça como uma zombaria do batismo e tomaram seu sangue, pensando que assim poderiam obter a coragem que o padre demonstrou diante das torturas.
Os índios mohawk mataram os padres Antoine Daniel, Carlos Garnier e Noël Chabanel na cidade de Ossernenon entre 1642 e 1646.
Em setembro de 1984, o papa são João Paulo II disse que, "enquanto ofereciam suas vidas, esses missionários olhavam para o futuro, para o dia em que os nativos atingiriam a plena maturidade e assumiriam um papel de liderança em sua Igreja".
"São Jéan de Brébeuf sonhava com uma igreja totalmente católica e totalmente huroniana", destacou.
O papa Pio XI canonizou esses mártires em 1930. Sua festa é celebrada em 19 de outubro.
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— ACI Digital (@acidigital) July 25, 2022