LAHORE, 28 de jul de 2022 às 16:05
Um cristão de 34 anos foi condenado à morte por um tribunal em Lahore, Paquistão, por blasfemar contra Maomé. Entretanto, os fatos reais sugerem que seria uma vingança por defender sua fé e para destruir seu próspero negócio.
Segundo a agência Fides da Santa Sé, o acusado é Ashfaq Masih, pai de família e mecânico. Ele está preso há mais de cinco anos.
O caso remonta a 5 de junho de 2017, quando Masih, proprietário de uma próspera oficina onde consertava motos e bicicletas, discutiu com Muhammad Naveed, um muçulmano que oferecia o mesmo serviço de conserto em outra oficina, mas que se ressentiu que a maioria dos clientes preferia o cristão.
Pakistani #Christian man, Ashfaq Masih has been sentenced to death by hanging after being accused of #blasphemy in 2017.#Minorities will keep on dying in #Pakistan until a strong voice from the international forums is being raised.https://t.co/wVoLymTpcz pic.twitter.com/lTuktgscPQ
— CFATM (@CFATM2) July 15, 2022
Dias depois, outro muçulmano chamado Muhammad Irfan pediu a Masih um trabalho de reparo e não quis pagar pelo trabalho porque ele é sufi, isto é, um seguidor místico do Islã.
"Em resposta, disse que acredito em Jesus Cristo e pedi o pagamento pelo trabalho de conserto", disse Masih ao tribunal.
Foi então que Irfan e Naveed se uniram e o acusaram de blasfêmia.
"Esses dois homens também me ameaçaram porque queriam que eu abandonasse a oficina. Eu dei essa mesma informação ao policial que me prendeu", acrescentou Masih.
“Nunca pronunciei palavras depreciativas contra o profeta Maomé e jamais faria isso. Respeito o profeta Maomé com todo o meu coração e alma", disse.
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No entanto, em 4 de julho, o Tribunal de Primeira Instância de Lahore o condenou à morte por enforcamento.
Para o presidente da ONG Voice for Justice, Joseph Jansen, “a sentença de morte de Ashfaq Masih gera decepção e medo em toda a comunidade cristã no Paquistão, e em particular em todos os outros presos acusados de blasfêmia e em suas famílias”.
"Está claro que todas as provas neste caso são inventadas e Ashfaq Masih só foi pego neste caso por reivindicar gastos de serviço por consertar a moto de um muçulmano", enfatizou Jansen.
Para Ashiknaz Khokhar, ativista dos direitos das minorias, “é preocupante ver como os tribunais de primeira instância sentenciam à morte os acusados de blasfêmia, mesmo sem provas suficientes”.
"O governo deve tomar medidas sérias para reprimir o abuso das leis de blasfêmia e trabalhar para proteger os direitos fundamentais dos cidadãos e suas famílias", disse.
Segundo o Centro para a Justiça Social, de 1987 a 2021 há 1.949 casos de acusações de blasfêmia no Paquistão e 281 são contra cristãos. Do total, 84 pessoas já foram mortas extrajudicialmente.
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— ACI Digital (@acidigital) June 9, 2022