NAIROBI, 2 de set de 2022 às 13:55
O padre Honoré Ouedraogo da diocese de Tenkodogo, Burkina Faso, denunciou que os muçulmanos estão obrigando todos os cristãos a seguir a lei islâmica e participar das orações nas mesquitas.
Falando à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) na segunda-feira (29), padre Ouedraogo disse que "os atacantes forçam os habitantes de Burkinabé a seguir a Sharia".
“Os homens são forçados a usar calças de comprimento adequado e proibidos de rapar a barba, e as mulheres têm de usar o véu. A educação ao estilo ocidental é proibida e as crianças são obrigadas a frequentar escolas corânicas, chamadas madrassas. As igrejas não devem tocar o sino e todos são obrigados a participar nas orações nas mesquitas”, disse o padre.
O padre Ouedraogo, que é reitor do seminário Tenkodogo, disse que a situação no país se agravou desde o primeiro atentado terrorista em 2015, e que o terrorismo agora atinge todo o território nacional.
“As pessoas acordam de manhã e não sabem se vão ser as próximas vítimas de um ataque, e já ninguém se sente seguro”, disse ele.
Ouedraogo explicou que a insegurança em Burkina Faso é agravada pela pobreza generalizada.
“Pelo menos 60% da população está desempregada. Não têm nada para fazer durante todo o dia e não têm dinheiro, por isso se lhes oferecerem 100 euros para irem matar alguém, aceitam”, disse ele.
Segundo o padre, é difícil determinar os verdadeiros motivos dos terroristas, que podem ir da delinquência ao desejo de fazer a jihad. No entanto, as vítimas dizem que os ataques contêm elementos do fundamentalismo islâmico.
A ACN informa que muitos padres e catequistas, por razões de segurança, tiveram que fugir de Tenkodogo. Algumas paróquias suspenderam a maior parte de suas atividades e os fiéis têm de percorrer grandes distâncias para receber os sacramentos.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Segundo Ouedraogo, muitos seminaristas não puderam voltar para casa, para as suas famílias, durante as férias de Verão, devido à terrível situação de insegurança em todo o país.
“Alguns dos meus paroquianos passam a noite a rezar pela paz. Esta situação dolorosa fortaleceu a fé dos Cristãos em todo o país. Alguns chegaram mesmo a ser martirizados, preferindo morrer a renunciar à sua fé", disse ele. “A fé e a oração é o que nos salvará, não as armas. O que estamos vivendo ultrapassa-nos, estes ataques são de natureza diabólica, e por isso só Deus nos pode ajudar”.
Ouedraogo disse que em 2018 todos os bispos do país, acompanhados por um milhão de fiéis, fizeram uma peregrinação ao santuário mariano de Yagma, para consagrar o Burkina Fasso ao Imaculado Coração de Maria, seguindo a oração ensinada por Nossa Senhora, em Fátima.
"No ano seguinte, em 2019, quase não houve ataques no país", acrescentou, pedindo ao povo de Deus em Burkina Faso que orasse pela paz.
Confira também:
Freira de 83 anos sequestrada em Burkina Faso é libertada https://t.co/0hcCZt9Hwj
— ACI Digital (@acidigital) September 1, 2022