"De Tolkien só tem o nome nos créditos", disse o padre Patxi Bronchalo, da diocese de Getafe, Espanha, depois de assistir aos dois primeiros episódios da série "Os Anéis do Poder" da Amazon.

A principal razão desta opinião é que a luta entre o bem e o mal, que é o pano de fundo essencial da mitologia de Tolkien, foi eliminada.

"Eu acho que o pior não é que mudem as coisas, mas que enterrem um dos grandes temas de fundo que Tolkien levanta, o da luta entre o bem e o mal, com a vitória do primeiro sempre", disse ele no Twitter.

“Em 'O Senhor dos Anéis' isso se vê muito claramente em muitas ocasiões”, diz padre Bronchalo, que explica o conceito de “eucatástrofe”, inventado e explicado por Tolkien em suas cartas.

A eucatástrofe refere-se à “súbita mudança dos eventos no final de uma história que garante que o protagonista não seja vítima de um destino terrível”, diz o padre.

 

A ideia de que existem o bem e o mal intrínsecos está muito presente no universo literário de Tolkien e “você pode concordar ou não, mas [se] você quer adaptar bem a obra dele, você tem que entender isso. Se não, não é Tolkien, mas uma projeção”, diz Bronchalo em relação a “Os Anéis do Poder”.

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"Em Tolkien há o bem e o mal, mas não há equilíbrio de forças entre os dois, o bem é o único princípio que equilibra tudo quando se tende a ele", diz Bronchalo. “O mal é um distúrbio de equilíbrio e deve ser combatido”, continua.

Bronchalo lamenta que hoje “na cultura pop dos filmes, séries, livros e quadrinhos, o bem e o mal estão se tornando cada vez mais indistintos. Os bons não são tão bons, e os maus não são tão maus, há uma perversão em tudo. E essa ideia está penetrando no espectador”.

O padre destaca que “o pior não é que eles chutem o cânone e mudem as coisas, mas que ignorem as grandes ideias que estão na base dessas coisas e que fazem com que a obra de Tolkien seja única e diferente de qualquer outra coisa".

Bronchalo salva do que viu até agora de "Os Anéis do Poder" a música, os cenários e os efeitos "impressionantes".

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