Roma, 9 de set de 2022 às 13:01
O jornal italiano Il Messaggero acusa o bispo de Como, Oscar Cantoni, criado cardeal pelo papa Francisco no consistório de 27 de agosto passado, de ter protegido um ex-padre pedófilo que abusou de pelo menos cinco menores.
Na matéria "Vaticano, documentos ultrassecretos levantam dúvidas sobre a púrpura do novo cardeal de Como, que deu proteção a um padre pedófilo", publicada na segunda-feira (5), o jornal cita documentos do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé sobre o ex-padre Mauro Inzoli. O jornal obteve os documentos no site Silerenonpossum.it.
Inzoli foi condenado em 2016 pela Justiça comum italiana a quatro anos e nove meses de prisão por ter abusado de cinco rapazes, o mais novo de 12 anos e o mais velho de 16 anos.
No processo canônico que se seguiu, 11 homens menores e duas mulheres denunciaram.
O padre admitiu os crimes, mas Cantoni, que era o bispo responsável por ele em vez de demiti-lo do estado clerical, condenou-o a uma suspensão de cinco anos, "invocando dos fiéis um espírito eclesial para 'acompanhar seus filhos maternalmente mesmo quando estão errados, o que faz prevalecer os julgamentos de condenação'”, diz a matéria.
Segundo Il Messaggero, o papa Francisco teria estabelecido que Inzoli "em consideração à gravidade do comportamento e o consequente escândalo" deveria seguir "uma vida de oração e humilde reserva como sinal de conversão e penitência", o que significou que Inzoli continuaria sendo sacerdote.
Inzoli teria voltado a abusar de menores, segundo uma denúncia que teria chegado novamente à Congregação para a Doutrina da Fé, Dessa vez, Inzoli foi demitido do estado clerical.
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Il Messaggero compara a situação do bispo Cantoni, que foi criado cardeal, ao bispo emérito de Ghent, Bélgica, Luc Van Looy, que também estava entre os cardeais a serem criados pelo papa Francisco. Van Looy pediu para não ser criado cardeal no consistório de 27 de agosto porque “nem sempre reagiu com força suficiente aos abusos nas relações pastorais", disse em comunicado oficial a conferência episcopal belga.
“Para evitar que as vítimas de tal abuso sejam prejudicadas novamente como resultado de seu cardinalato, o bispo Van Looy pediu ao papa que aceitasse sua renúncia. O papa Francisco concordou com o pedido”, destaca o comunicado.
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— ACI Digital (@acidigital) September 6, 2022