O papa Francisco disse que o propósito de sua viagem ao Cazaquistão é ser um peregrino da paz.

Em seu primeiro discurso na Qazaq Concert Hall, o papa disse às autoridades, aos representantes daa sociedade civil e ao corpo diplomático do Cazaquistão que foi “à procura de diálogo e de unidade”.

O exemplo da dombra

Poucos minutos depois do previsto, o papa Francisco falou às autoridades sobre a dombra, um instrumento musical tradicional do Cazaquistão, e tomou-o como exemplo para explicar a importância de "não descuidar os laços com a vida de quem nos precedeu”, diante das rápidas mudanças sociais e econômicas.

Segundo o papa, o instrumento de duas cordas é como o Cazaquistão que " se caracteriza pela capacidade de avançar criando harmonia entre ‘duas cordas paralelas’". No país “ressoam as notas de duas almas, a asiática e a europeia, que fazem dele uma permanente missão de ligação entre dois continentes”, disse Francisco. “As cordas da dombra costumam ressoar junto com outros instrumentos de arco típicos desses lugares. A harmonia amadurece e cresce no conjunto, no coro que torna a vida social harmoniosa”.

“Os cerca de cento e cinquenta grupos étnicos e as mais de oitenta línguas presentes no país (...) compõem uma sinfonia extraordinária e fazem do Cazaquistão um laboratório multiétnico, multicultural e multirreligioso único, revelando a sua peculiar vocação que é a de ser país do encontro”, disse o papa.

Liberdade religiosa

Francisco disse ser uma honra participar do VII Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais: “Apropriadamente, a Constituição do Cazaquistão, ao defini-lo como um Estado laico, prevê a liberdade de religião e de crença”.

“Uma laicidade sã, que reconheça o papel precioso e insubstituível da religião e contraste o extremismo que a corrói, representa uma condição essencial para o tratamento equitativo de todo cidadão”.

Para Francisco, “a proteção da liberdade, uma aspiração inscrita no coração de cada homem, única condição para que o encontro entre pessoas e grupos seja real e não artificial, se traduz na sociedade civil principalmente através do reconhecimento de direitos, acompanhados de deveres”.

O valor da vida humana

“Desde este ponto de vista, gostaria de manifestar o meu apreço pela afirmação do valor da vida humana através da abolição da pena de morte, em nome do direito à esperança para todo e cada um dos seres humanos”, disse o papa.

Para o papa Francisco, a dombra, como instrumento popular, “comunica a beleza de preservar o gênio e a vivacidade de um povo”.

"É necessário - em todos os lugares - que democracia e a modernização não fiquem só nas palavras, mas que se unam em um serviço concreto ao povo".

Francisco defendeu a necessidade de "uma boa política feita de escuta do povo e de resposta às suas legítimas carências, de envolvimento constante da sociedade civil e das organizações não-governamentais e humanitárias, de particular atenção aos trabalhadores, jovens e às faixas mais frágeis”.

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Ele também destacou a necessidade de todos os países do mundo adotarem “medidas para combater a corrupção”.

"Este estilo político realmente democrático é a resposta mais eficaz a possíveis extremismos, personalismos e populismos, que ameaçam a estabilidade e o bem-estar dos povos", continuou.

O grito dos que imploram a paz

Usando o exemplo da dombra como instrumento que une o Cazaquistão com outros países do mundo, ele lembrou que "João Paulo II veio aqui para semear esperança, logo após os trágicos atentados de 2001".

“Por minha vez, chego aqui no curso da louca e trágica guerra originada pela invasão da Ucrânia, enquanto outros confrontos e ameaças de conflito colocam em risco os nossos tempos”, disse o papa Francisco.

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Francisco também disse que chega ao Cazaquistão “para amplificar o clamor de tantos que imploram a paz, caminho de desenvolvimento essencial para o nosso mundo globalizado”.

"O problema de um é hoje problema de todos, e quem mais poder detém no mundo, maior responsabilidade tem para com os outros, especialmente dos países colocados em maior crise por lógicas conflituais", disse.

O papa Francisco disse "que os católicos, presentes na Ásia Central desde tempos antigos, desejam continuar testemunhando o espírito de abertura e diálogo respeitoso que caracteriza esta terra".

O papa concluiu agradecendo a acolhida recebida e pediu que "o Altíssimo abençoe a vocação para a paz e a unidade do Cazaquistão, país do encontro".

Raqmet! (Obrigado!) Que Deus abençoe o Cazaquistão!”, concluiu Francisco.

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