“É preciso sobretudo empenhar-se para que a liberdade religiosa seja, não um conceito abstrato, mas um direito concreto. Defendamos para todos o direito à religião, à esperança, à beleza… ao Céu”, disse o papa Francisco hoje (15) no discurso de encerramento do Congresso de Religiões Mundiais e Tradicionais que aconteceu no Palácio da Independência em Nur-Sultan.

“Ainda hoje quantas pessoas são perseguidas e discriminadas pela sua fé! Pedimos veementemente aos governos e às competentes organizações internacionais que assistam os grupos religiosos e as comunidades étnicas que sofreram violações dos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, e violências da parte de extremistas e terroristas, inclusive em consequência de guerras e conflitos militares”, disse o papa, citando a declaração final do Congresso.

Francisco lamentou “o peso da loucura sem sentido da guerra” e disse que “há demasiados ódios e divisões, demasiada falta de diálogo e compreensão do outro: isto, no mundo globalizado, é ainda mais perigoso e escandaloso. Não podemos avançar assim, ora unidos ora separados, ora interligados ora dilacerados por demasiadas desigualdades”.

“A propósito, a Declaração do nosso Congresso afirma que o extremismo, o radicalismo, o terrorismo e qualquer outro incentivo ao ódio, à hostilidade, à violência e à guerra – seja qual for a motivação ou objetivo que se proponham – nada têm a ver com o autêntico espírito religioso e devem ser rejeitados nos termos mais decididos que for possível (cf. n. 5); condenados, sem ‘se’ nem ‘mas’", disse o papa.

Francisco falou sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 e disse que "era necessário reagir, e reagir juntos, ao clima incendiário a que a violência terrorista queria incitar e que se arriscava a fazer da religião um fator de conflito".

Francisco disse que a sua viagem apostólica teve como lema "Mensageiros de paz e unidade" e acrescentou que "a Igreja Católica, que não se cansa de anunciar a dignidade inviolável de cada pessoa, criada ‘à imagem de Deus’ (cf. Gn 1, 26), crê também na unidade da família humana”.

O papa disse que a bandeira do Cazaquistão recorda “a necessidade de preservar uma saudável relação entre política e religião” e acrescentou que existe “uma ligação saudável entre política e transcendência, uma sã coexistência que mantém distintos os dois âmbitos”.

A transcendência, continuou ele, “não deve ceder à tentação de se transformar em poder; caso contrário, o céu precipitaria sobre a terra, o Além divino ficaria preso no hoje terrestre, e o amor ao próximo em escolhas de parte”.

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“Por isso, ‘não’ à confusão; mas ‘não’ também à separação entre política e transcendência, pois as mais altas aspirações humanas não podem ser excluídas da vida pública e relegadas para o âmbito meramente privado. Por isso, há de ser sempre e em toda parte tutelado quem deseja exprimir, de modo legítimo, o próprio credo”, disse Francisco.

“As grandes sabedorias e religiões são chamadas a testemunhar, a todos os seres humanos, a existência dum patrimônio espiritual e moral comum, que assenta sobre dois pilares: a transcendência e a fraternidade”, disse o papa.

Segundo Francisco, “nós, que cremos no Criador de todos, devemos estar na vanguarda da difusão da convivência pacífica. Devemo-la testemunhar, pregar, implorar. Por isso, a Declaração exorta os líderes mundiais a cessarem em todo o lado conflitos e derramamentos de sangue e a abandonarem retóricas agressivas e destrutivas”.

“Pedimo-vos, em nome de Deus e para bem da humanidade: empenhai-vos pela paz, não pelos armamentos! Só servindo a paz é que permanecerá grande na história o vosso nome”, concluiu o papa Francisco.

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