MANÁGUA, 4 de out de 2022 às 10:21
O cardeal Álvaro Ramazzini, bispo de Huehuetenango, Guatemala, respondeu ao presidente da Nicarágua Daniel Ortega, que há poucos dias atacou o papa Francisco e disse que a Igreja Católica é "a ditadura perfeita".
“É verdade que a Igreja Católica não é uma democracia, mas tem um espírito de participação e comunhão que torna possível a todos nós que somos Igreja, do papa aos fiéis leigos, viver em paz e harmonia”, disse Ramazzini num vídeo publicado pelo Celam em 1º de outubro.
"Senhor presidente Daniel Ortega, se o senhor é católico, o que eu como bispo esperaria é que respeitasse a Igreja Católica e o ordenamento próprio que dirige esta instituição fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo", acrescentou o cardeal.
Em seu discurso pelos 43 anos da Polícia Nacional em 28 de setembro, Ortega disse sobre a Igreja Católica; “se querem ser democráticos, que comecem a eleger o papa, os cardeais, os bispos, com o voto de todos os católicos”.
“Que a população os eleja e não os impostos. É uma ditadura perfeita, uma tirania perfeita”, disse o ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder.
Depois de chamar o papa de "santo tirano", Ortega perguntou: "Com que autoridade você me fala sobre democracia?"
O cardeal Ramazzini disse que se Ortega não respeita a Igreja, então "duvido muito que o senhor seja realmente uma pessoa católica".
"Não se trata de dizer 'sou católico e faço o que quero'. Eu sou católico, um presidente católico, e por isso coloquei um bispo na cadeia, acusando-o falsamente. Sou católico e persigo a Igreja da qual sou membro. É uma contradição”, continuou o cardeal.
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Ramazzini se referiu assim ao bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, que desde sexta-feira, 19 de agosto, está em prisão domiciliar em Manágua.
Como parte da perseguição que Ortega empreendeu contra a Igreja, naquele dia a polícia também prendeu vários padres que agora estão na prisão El Chipote, em Manágua, conhecida como centro de tortura dos opositores do regime de Ortega
O cardeal Ramazzini também disse que “é típico dos ditadores querer fundamentar atitudes e ações ditatoriais para poder assim convencer a si próprios”.
"Espero que essas afirmações possam ajudar a esclarecer ideias, porque não há nada pior do que dizer meias verdades, porque isso faz que as meias mentiras pareçam mentiras totais", concluiu.
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— ACI Digital (@acidigital) September 29, 2022