A hierarquia da Igreja na Amazônia brasileira volta a defender a ordenação de mulheres. O braço brasileiro da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está produzindo uma série de vídeos sobre ministerialidade e diaconia da mulher na Igreja amazônica.

A produção, do núcleo Mulheres e Amazônia, é das religiosas irmã Maria Los Angeles Tejo Marco e irmã Círia Mees, e as leigas Dorismeire Almeida de Vasconcelos, da prelazia do Xingu, e Serena Nocetti, teóloga italiana, fundadora da Coordenação das Teólogas Italianas, e vice-presidente da Associação Teológica Italiana.

Segundo as organizadoras, a série é resultado de estudo feito de 2020 a 2021 “visando refletir, visibilizar e propor o diaconato e os ministérios instituídos da mulher na Amazônia”.

Não é a primeira vez que a hierarquia da Igreja na Amazônia pede a ordenação de mulheres ao menos para o diaconato. A argumentação é sempre o pequeno número de padres na região.

No documento final do Sínodo para a Amazônia, de 2019, foi pedido ao papa Francisco o diaconato permanente para as mulheres. “Nas muitas consultas realizadas na Amazônia, o papel fundamental da mulher religiosa e leiga na Igreja da Amazônia e em suas comunidades foi reconhecido e enfatizado, devido aos múltiplos serviços prestados. Num grande número destas consultas, foi solicitado o diaconato permanente para as mulheres”.

Francisco descartou a ideia. "Por séculos, mulheres mantiveram a Igreja nesses lugares por meio de sua devoção notável e fé profunda. Isso nos convoca a ampliar nossa visão, para não restringirmos nosso entendimento da Igreja a suas estruturas funcionais. Tal reducionismo nos levaria a acreditar que as mulheres receberiam maior status e participação na Igreja somente se fossem admitidas nas Ordens Sagradas", disse o papa na exortação pós-sinodal Querida Amazônia.

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Mesmo assim, o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, realizado de 6 a 9 de junho de 2022, voltou a propor, em seu documento final:  “1) Reconhecer os serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazónia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade; 2) Reconhecer, promover, fortalecer a participação das mulheres nos conselhos de pastorais de paróquias, dioceses, incluindo instâncias de decisão; 3) Reafirmamos a legitimidade da ordenação diaconal de mulheres e solicitamos este ministério para a Igreja na Amazônia”.

 

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