SÃO PAULO, 31 de out de 2022 às 11:37
Depois de uma campanha marcada por acusações de uso indevido da religião para fins políticos, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, agradeceu a Deus e citou Jesus Cristo e o papa Francisco no discurso da vitória ontem (30) à noite em São Paulo (SP). Lula retomou uma fala do papa que já havia utilizado no encerramento de sua propaganda eleitoral de TV e rádio na semana passada.
Lula foi eleito presidente do Brasil com 50,9% dos votos, contra 49,1% de Jair Bolsonaro, do PL, que buscava a reeleição. Com este resultado, a partir de 1º de janeiro de 2023, o petista assumirá a presidência do Brasil pela terceira vez.
“Na última quarta-feira, o papa Francisco enviou uma importante mensagem ao Brasil, orando para que o povo brasileiro fique livre do ódio, da intolerância e da violência. Quero dizer que desejamos o mesmo, e vamos trabalhar sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade vença a mentira, e a esperança seja maior que o medo”, disse Lula.
A fala do papa Francisco usada pelo petista foi pronunciada na audiência geral do dia 26 de outubro. Naquela ocasião, o papa se dirigiu aos peregrinos brasileiros de Salvador (BA), Anicuns (GO), Taubaté (SP) e São Paulo (SP) que estavam na Praça de São Pedro, no Vaticano, e disse: “Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”.
Antes de iniciar a leitura de seu discurso, Lula agradeceu a Deus e disse que, “a vida inteira”, sempre achou que Deus “foi muito generoso” com ele, permitindo chegar aonde chegou. “Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira, porque tentaram me enterrar vivo e eu estou aqui para governar esse país, em uma situação muito difícil, mas tenho fé em Deus que, com ajuda do povo, nós iremos encontrar uma saída”, afirmou.
Em 2017, Lula foi condenado em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. No ano seguinte, a decisão foi confirmada em segunda instância. Em 2019, o petista foi solto, depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a execução da pena só poderia ocorrer após trânsito em julgado da sentença. Lula recuperou seus direitos políticos em março de 2021, após o ministro do STF Edson Fachin anular suas condenações pela Justiça Federal do Paraná na Operação Lava Jato, por entender que a 13ª Vara de Curitiba não tinha competência para analisar os casos.
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“Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo”, disse Lula no discurso de ontem. Afirmou ainda que, para ele, “a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor, pelo seu país e pelo seu povo”.
“No que depender de nós, não faltará amor neste país. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança”, acrescentou.
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