BERLIM, 24 de nov de 2022 às 10:06
A Igreja Católica na Alemanha mudou suas normas trabalhistas para permitir funcionários abertamente homossexuais. A igreja emprega cerca de 900 mil funcionários no país.
Segundo o canal de notícias alemão DW, a modificação foi aprovada na terça-feira (22), quase um ano depois que 125 funcionários da Igreja Católica se declararam homossexuais, numa manifestação para exigir a mudança.
Antes da modificação, os funcionários poderiam ser demitidos se estivessem em uma união homossexual ou se estivessem em uma nova união depois de um divórcio.
A Conferência Episcopal Alemã, liderada pelo bispo de Limburgo, dom Georg Bätzing, disse que "explicitamente, como nunca antes, a diversidade nas instituições eclesiásticas é reconhecida como uma riqueza"
“Todos os colaboradores podem, independentemente de suas funções específicas, origem, religião, idade, deficiência, gênero, identidade sexual e forma de vida, ser representantes do amor incondicional de Deus e, portanto, de uma igreja que serve às pessoas, desde que tragam uma atitude positiva e abertura à mensagem evangélica (e) respeitem o caráter cristão da instituição".
O Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) disse que a modificação está "atrasada", enquanto a Comunidade das Mulheres Católicas Alemãs disse que a reforma é um "marco".
O que a Igreja ensina sobre a homossexualidade
A doutrina está resumida nos três artigos seguintes do Catecismo da Igreja Católica:
2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
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2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
Bênção das uniões homossexuais na Alemanha
Numa entrevista coletiva em Roma depois da visita ad limina dos bispos alemães na semana passada, dom Bätzing disse que ele e os outros participantes do Caminho Sinodal Alemão continuam sendo católicos “mas queremos sê-lo de outra maneira”.
Bätzing também disse que não impedirá a bênção de uniões homossexuais, algo que ocorreu em massa em maio deste ano, apesar da proibição explícita da Santa Sé.
O Caminho Sinodal Alemão
O Caminho Sinodal Alemão se descreve como um processo que reúne os bispos da Alemanha e leigos selecionados para debater e aprovar resoluções sobre o modo como o poder é exercido na Igreja, moral sexual, o sacerdócio, e o papel das mulheres, temas sobre os quais manifestaram várias vezes e publicamente opiniões contrárias à doutrina da Igreja.
Confira também:
Queremos ser católicos de outra maneira, diz presidente da Conferência Episcopal Alemã https://t.co/pLVAh9bWl3
— ACI Digital (@acidigital) November 21, 2022