Roma, 8 de dez de 2022 às 12:15
O padre jesuíta Hans Zollner, especialista na luta contra abusos, disse que o Dicastério para a Doutrina da Fé "deve responder" às questões que cercam o caso do padre Marko Rupnik, membro da Companhia de Jesus acusado de abusos.
Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o padre Zollner disse que “é óbvio que o Dicastério da Doutrina da Fé deve responder”.
Para ele, a Companhia de Jesus, à qual pertence, “disse o que podia dizer e, pelo que vejo, as explicações sobre a que chegaram com a sentença devem ser dadas pelo dicastério”.
“Eles que determinaram que os fatos prescreveram. A Companhia de Jesus não pode fazer isso, é competência do dicastério”, disse.
“Isso é segundo a minha opinião, porque não sou um especialista, mas o dicastério deve responder”, concluiu o padre Zollner.
As declarações de Zollner se referem ao caso do padre jesuíta esloveno Marko Ivan Rupnik, de 68 anos, acusado de cometer abusos contra ao menos nove mulheres.
Segundo o comunicado oficial da Companhia de Jesus, o Dicastério da Doutrina da Fé recebeu uma denúncia contra o padre esloveno e solicitou a abertura de uma investigação preliminar.
A investigação foi feita por um religioso dominicano que ouviu o testemunho de várias pessoas.
Durante a investigação preliminar, foram tomadas medidas cautelares contra o padre Rupnik, como a proibição de "exercer o sacramento da confissão, direção espiritual e a realização de exercícios espirituais".
O provincial dos Jesuítas na Eslovênia disse que o resultado desta investigação foi entregue ao dicastério da Santa Sé, que concluiu que “os fatos em questão deviam ser considerados superados e, por isso, encerrou o caso no início de outubro deste ano de 2022”.
Apesar disso, as medidas cautelares impostas durante a investigação preliminar permanecem em vigor, mas agora como "medidas administrativas".
Quem é Marko Rupnik?
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Marko Rupnik é um padre jesuíta esloveno, de 68 anos, fundador do Ateliê de Arte Espiritual Aletti, responsável por muitas obras religiosas pelo mundo.
Em 1996, são João Paulo II o encarregou da reforma do mosaico da Capela da Redemptoris Mater, no Palácio Apostólico do Vaticano.
O padre jesuíta é o autor do logotipo para o Jubileu da Misericórdia convocado pelo papa Francisco, de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016. Também foi encarregado de criar a imagem oficial do X Encontro Mundial das Famílias (EMF) que aconteceu em Roma de 22 a 26 de junho de 2022.
Na Itália, Rupnik projetou a rampa e a cripta da igreja inferior de são Pio de Pietrelcina, em San Giovanni Rotondo, onde milhares de fiéis católicos veneram o santo com os estigmas.
O ateliê de Rupnik é responsável pelo altar-mor do Santuário da Santíssima Trindade em Fátima, Portugal, que fica em frente ao local das aparições de Nossa Senhora.
O Centro Aletti, dirigido por Rupnik, também renovou a capela principal do edifício da Conferência Episcopal Espanhola, em Madri.Na mesma cidade, Rupnik decorou a sacristia maior, a sala capitular e a capela do Santíssimo Sacramento da catedral de Santa Maria a Real de Almudena.
No Brasil, Rupnik fez os mosaicos das fachadas da basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), cuja primeira parte foi inaugurada em março último. O jesuíta recebeu o título de doutor honoris causa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná em cerimônia do dia 30 de novembro último.
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Caso do padre Rupnik é um “tsunami” de falta de transparência, diz ex-provincial jesuíta https://t.co/E5UxlwN5TK
— ACI Digital (@acidigital) December 8, 2022
