O papa Francisco reconheceu no dia 17 de dezembro um milagre pela intercessão do servo de Deus dom Jacinto Vera, primeiro bispo do Uruguai. O futuro beato nasceu em 1813, em um navio na costa brasileira, e foi batizado na atual catedral de Nossa Senhora do Desterro, nome da igreja e da cidade que hoje se chama Florianópolis (SC), onde hoje está a cátedra dele.

Dom Jacinto Vera nasceu em 3 de julho de 1813, quando sua família seguia viagem das Ilhas Canárias, Espanha, para o Uruguai. Um mês depois, ele foi batizado.

Conta o site da catedral: “Em 02 de agosto de 1813 foi batizado na paróquia de Nossa Senhora do Desterro o servo de Deus, dom Jacinto Vera, ‘nascido há trinta dias’, em águas catarinenses”.

Com a criação da diocese de Florianópolis, em 1908, a igreja matriz de Nossa Senhora do Desterro foi elevada à condição de catedral.

Dom Jacinto Vera se sentiu chamado ao sacerdócio aos 19 anos e, por isso, foi dispensado de servir ao exército. Mas, como não havia onde se formar no Uruguai, foi estudar em Buenos Aires, Argentina. Foi na capital argentina que celebrou sua primeira missa, em 6 de junho de 1841.

Dom jacinto Vera foi vigário paroquial e pároco da Villa de Guadalupe, em Canelones, Uruguai, onde atuou por 17 anos.

Em 4 de outubro de 1859, foi nomeado vigário apostólico do Uruguai e recebeu a ordenação episcopal na igreja matriz de Montevidéu, em 16 de julho de 1865.

Em 1870, participou do Concílio Vaticano I.

Com a criação da diocese de Montevidéu, que abrangia todo o Uruguai, em 1878, foi nomeado seu primeiro bispo.

Dom Jacinto Vera morreu em 6 de maio de 1881, durante uma missão que fazia em Pan de Azúcar, Uruguai.

Antes de morrer, dom Jacinto Vera deixou expresso o desejo de que sua cátedra, isto é, a cadeira do bispo, fosse doada para a igreja onde foi batizado. Por isso, atualmente, a catedral de Florianópolis tem a cátedra do futuro beato.

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O milagre que fará dom Jacinto Vera beato

O milagre reconhecido pela Santa Sé para a beatificação de dom Jacinto Vera foi “a cura rápida, duradoura e completa de uma menina de 14 anos, ocorrida em 8 de outubro de 1936”, conta o site da Conferência Episcopal do Uruguai (CEU).

María del Carmen Artagaveytia Usher era filha do cirurgião Mario Artagaveytia e de Renée Usher. Após passar por uma cirurgia de apendicite, a menina teve “uma infecção que se agravou até chegar a uma situação desesperadora. Os melhores médicos da época a atenderam, mas não conseguiram sua melhora”. Como na época ainda não existia a penicilina, “a menina sofria fortes dores e sua vida parecia se aproximar do final”. 

Então, um tio de María del Carmen, Rafael Algorta Camusso, levou para ela um santinho com uma relíquia do servo de Deus Jacinto Vera e lhe pediu que a colocasse na ferida e que ela e sua família “rezassem com toda confiança pedindo à cura por intercessão do servo de Deus”.

“Naquela mesma noite as dores pararam, a febre acabou e, na manhã seguinte, a menina se sentia completamente bem. A cura foi rápida e completa, cientificamente inexplicável, comprovada por seu pai e pelo médico que a atendia, o Dr. García Lagos”, conta o site da CEU.

María del Carmen Artagaveytia morreu em 2010, aos 89 anos.

Em 2017, foi retomado o estudo deste caso, que havia sido apresentado logo após a cura de María del Carmen. Segundo a CEU, foi produzido um relatório abrangente, que foi analisado pela junta médica da Santa Sé.

Os filhos de María del Carmen declararam diante do tribunal formado para estudar o suposto milagre que “conheciam o fato desde sempre, pelo testemunho de sua mãe”. Eles forneceram vários elementos e recordações, entre as quais, o fato de “que sua mãe guardou na mesa-de-cabeceira durante toda a vida o santinho com a relíquia de dom Jacinto Vera que tinha colocado em sua ferida”.

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