“A fragilidade é, na realidade, a nossa verdadeira riqueza: somos ricos de fragilidade, todos; a verdadeira riqueza, que devemos aprender a respeitar e a aceitar, pois quando é oferecida a Deus, torna-nos capazes de ternura, de misericórdia e de amor", disse o papa Francisco hoje (4) na última Audiência Geral sobre o discernimento.

Antes de iniciar sua catequese, o papa Francisco prestou homenagem ao papa Bento XVI e pediu aos fiéis que se unam em oração por ele.

Aos fiéis que o escutavam na aula Paulo VI do Vaticano, Francisco falou da importância do “acompanhamento espiritual” e convidou “a dar-se a conhecer, sem ter medo de compartilhar os aspetos mais frágeis, onde nos descobrimos mais sensíveis, fracos, ou receosos de ser julgados”.

Para Francisco, “a fragilidade nos torna humanos” e disse que “é o nosso tesouro mais precioso: com efeito, para nos tornarmos semelhante a Ele, Deus quis partilhar até ao fim precisamente a nossa fragilidade”.

“Se for dócil ao Espírito Santo, o acompanhamento espiritual ajuda a desmascarar equívocos até graves na consideração de nós mesmos e na relação com o Senhor”, diz o papa Francisco.

“As pessoas que se encontram verdadeiramente com Jesus – continuou o papa - não têm medo de lhe abrir o coração, de apresentar a própria vulnerabilidade, a própria inadequação, a própria fragilidade”.

“Deste modo, a partilha de si torna-se uma experiência de salvação, de perdão gratuitamente recebido”, acrescentou.

O papa advertiu contra “pensamentos falsos e venenosos” como aqueles que nos fazem pensar que “errei tudo, sou inútil, ninguém me compreende, nunca serei bem-sucedido, estou destinado ao fracasso”.

O papa Francisco disse que “o confronto com o outro ajuda a desmascarar, de tal modo que nos possamos sentir amados e estimados pelo Senhor como somos, capazes de fazer coisas boas por Ele”.

Segundo o papa, “aquele que acompanha não substitui o Senhor, não se substitui ao Senhor, não faz o trabalho no lugar da pessoa acompanhada, mas caminha ao seu lado, encoraja-a a ler o que se move no seu coração, o lugar por excelência onde o Senhor fala”.

“O acompanhamento pode ser frutuoso se, de ambos os lados, se experimentar a filiação e a fraternidade espiritual. É importante não caminhar sozinho”, disse o papa.

“Descobrimos que somos filhos de Deus no momento em que nos descobrimos irmãos, filhos do mesmo Pai. Por isso, é indispensável estar inserido numa comunidade a caminho. Não estamos sozinhos”.

Ele também disse que "sem experiência de filiação e de fraternidade, o acompanhamento pode prestar-se a expetativas irreais, a equívocos e a formas de dependência que deixam a pessoa no estado infantil".

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"A mestra do discernimento"

Para o papa, “a Virgem Maria é mestra de discernimento: fala pouco, ouve muito e preserva no coração. E as poucas vezes que fala, deixa sua marca”.

“No Evangelho de João, há uma frase muito curta, pronunciada por Maria, que é uma exortação para os cristãos de todos os tempos: ‘Fazei o que Ele vos disser!’”, disse o papa Francisco.

“Maria sabe que o Senhor fala ao coração de cada um e pede para traduzir esta palavra em ações e escolhas. Ela soube fazê-lo mais do que ninguém e, com efeito, está presente nos momentos fundamentais da vida de Jesus, especialmente na hora suprema da morte na cruz”, disse o papa.

O papa Francisco disse que “o discernimento é uma arte, uma arte que se pode aprender e que tem as suas regras próprias. Se for bem aprendido, ele permite viver a experiência espiritual de forma cada vez mais bonita e ordenada”.

“O discernimento é sobretudo um dom de Deus, que deve ser sempre pedido, sem jamais presumir ser perito e autossuficiente”, disse.

"A voz do Senhor pode ser sempre reconhecida, tem um estilo único, é uma voz que pacifica, encoraja e tranquiliza nas dificuldades”, disse o papa.

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“’Não temais!’, repete o Senhor também a nós hoje; ‘não temais’: se confiarmos na sua palavra, desempenharemos bem o jogo da vida, e poderemos ajudar outros”, concluiu o papa Francisco.

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