VATICANO, 9 de jan de 2006 às 15:44
Durante o tradicional discurso dirigido no início do ano aos membros do Corpo Diplomático acreditado na Santa Sé, o Papa Bento XVI propôs um novo esforço pela paz apoiado não no “silêncio das armas” mas na luta contra a injusta distribuição dos bens.
“A paz, –disse o Pontífice– para a qual deve e pode levá-la seu compromisso, não é só o silêncio das armas; é, mas bem, uma paz que favorece a formação de novos dinamismos nas relações internacionais, dinamismos que por sua vez se transformam em fatores de conservação da paz”.
O Santo Padre destacou a respeito que “não se pode falar de paz lá onde o homem não tem nem sequer o indispensável para viver com dignidade. Penso agora nas multidões imensas de populações que padecem fome. Embora não estejam em guerra, a sua não se pode chamar paz: mais ainda, são vítimas inermes da guerra”.
“Vêm também espontaneamente a minha mente as imagens assustadoras dos grandes campos de prófugos ou de refugiados –em muitas partes do mundo– acolhidos em precárias condições para livrar-se de uma sorte pior, mas necessitados de tudo”, disse o Papa.
“Estes seres humanos –perguntou– não são nossos irmãos e irmãs? Acaso seus filhos não vêm ao mundo com as mesmas esperanças legítimas de felicidade que outros?”.
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Bento XVI dirigiu também seu pensamento “a todos os que, por condições de vida indigna, vêem-se impulsionados a emigrar longe de seu País e de seus seres queridos, com a esperança de uma vida mais humana. Nem podemos esquecer tampouco a praga do tráfico de pessoas, que é uma vergonha para nosso tempo”.
O Papa assinalou que “a verdade exige que nenhum dos Estados prósperos se subtraida de suas próprias responsabilidades e ao dever de ajuda, utilizando com maior generosidade os próprios recursos. Pode-se afirmar, sobre a base de dados estatísticos disponíveis, que menos da metade das enormes somas destinadas globalmente a armamento seria mais que suficiente para tirar de maneira estável da indigência o imenso exército dos pobres”.
“Isto interpela a consciência humana”, acrescentou.