“A igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas”, disse a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em nota emitida ontem (28). “É recomendável que se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção”.

A nota reage à informação de que cerca de 200 trabalhadores de vinícolas de Bento Gonçalves (RS) viviam em condições análogas à escravidão. Eles foram resgatados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 22 de fevereiro. 

Segundo a PF, a situação só foi descoberta porque três trabalhadores fugiram de um alojamento onde ficavam e procuraram a polícia em Caxias do Sul (RS). Lá disseram que sofriam violência física, longas jornadas de trabalho, comiam alimentos estragados, tinha seus salários atrasados e eram obrigados a ficar no local sob a pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho.

Os policiais comunicaram o relato ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Polícia Federal (PF) e quando chegaram ao local descrito pelos trabalhadores, viram que as condições eram “degradantes". Eles tinham sido contratados para a colheita da uva pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA, que fornecia mão de obra para várias vinícolas da região.  O dono da empresa, Pedro Augusto de Oliveira Santana, de 45 anos, natural de Valente (BA), foi preso em Caxias do Sul e transferido para um presídio em Bento Gonçalves, mas foi solto após pagar fiança no valor de R$ 40 mil. Santana irá responder pelo crime em liberdade.

Em 2017,  a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos emitiu uma carta-circular aos bispos diocesanos sobre o pão e o vinho utilizado nas missas. Sobre o vinho a carta diz que “o vinho que se utiliza na celebração do santo Sacrifício eucarístico deve ser natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas” E que se “tenha-se diligente cuidado para que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de que se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos. Não se deve admitir sob nenhum pretexto outras bebidas de qualquer gênero, pois não constituem matéria válida (n. 50)”.

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Para a CNBB, “qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado”. E “todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei”.

 

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