O governo de Daniel Ortega dissolveu a Cáritas Nicarágua, organização de ajuda solidária da Igreja Católica que atende os mais necessitados no país centro-americano.

O governo de Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder na Nicarágua, vem perseguindo a Igreja desde 2018, quando padres e bispos apoiaram manifestações populares contra o regime.

Na terça-feira (7), o jornal oficial La Gaceta informou sobre o acordo ministerial 30-2023-OSFL do Ministério do Interior, liderado pela ministra María Amelia Coronel Kinloch, que cancela a personalidade jurídica da Cáritas Jinotega e da Cáritas Nicarágua.

O acordo diz que "em 31 de janeiro do ano de dois mil e vinte e três, por meio da Ata Nº 79 da Assembleia Extraordinária de Membros da Cáritas Nicarágua, acordaram a dissolução voluntária e liquidação desta organização, por decisão unânime de seu membros, solicitando a Cáritas Nicarágua, perante a Direção Geral de Registro e Controle de Organizações Sem Fins Lucrativos do Ministério do Interior, o Cancelamento da Personalidade Jurídica por Dissolução Voluntária”.

Portanto, a personalidade jurídica da Cáritas Nicarágua foi cancelada e a " Direção Geral de Registro e Controle de Organizações Sem Fins Lucrativos do Ministério do Interior" foi ordenada a cancelar o registro e o número perpétuo atribuído à Cáritas Nicarágua.

Segundo o jornal nicaraguense Artículo 66, "os intermináveis ​​obstáculos que a ditadura nicaraguense impôs à Cáritas da Nicarágua e à Associação Cáritas Diocesana de Jinotega" obrigaram a que peçam a dissolução.

A Cáritas Jinotega comunicou, no início de fevereiro, que teria de fechar, pois o Ministério do Interior lhe negou autorização para receber doações de outras entidades.

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A Cáritas Jinotega dava alimentos aos mais pobres, doações de muletas e próteses, entregava medicamentos a baixo custo, entre muitas outras obras de caridade.

Em 2019, dom Carlos Herrera Gutiérrez, bispo de Jinotega e atual presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, denunciou que o regime havia bloqueado a entrada de doações internacionais, incluindo vinho para consagrar na missa.

O fechamento da Cáritas foi anunciado no mesmo dia em que o governo dissolveu duas universidades, entre elas a Universidade Católica João Paulo II.

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