Trípoli, 17 de abr de 2023 às 11:09
A Agência de Segurança Interna da Líbia lançou uma campanha de prisões na cidade de Trípoli há uma semana, contra cidadãos líbios e estrangeiros acusados de apostasia do Islã e por pregar o cristianismo.
A agência de segurança não especificou o número de presos, nem os seus nomes, citando apenas as suas iniciais.
A agência divulgou um vídeo de testemunhos no qual os detidos aparecem com o rosto coberto. São seis líbios, incluindo uma menina, um paquistanês e dois americanos.
Os dois americanos trabalham na escola internacional Gateway no subúrbio de Zawiyat al-Dahmani, em Trípoli, especializada no ensino de inglês.
O órgão do governo disse que os dois americanos pertenciam, com a esposa de um deles - não foi revelado se ela foi presa ou não - a uma organização missionária cristã chamada "Assembleias de Deus".
Eles foram acusados de transformar secretamente a escola em um centro de pregação da religião cristã.
A Agência de Segurança Interna disse que a organização à qual os americanos pertencem desempenha um papel importante em "seduzir os líbios de várias maneiras" para que se desviem da religião islâmica.
Num comunicado de imprensa oficial, a agência disse: "O povo líbio tem orgulho de pertencer à sua religião e a considera a base sólida de sua identidade nacional unificadora e considera qualquer violação ou abuso dela como um ato hostil que ameaça à segurança nacional, e busca semear discórdia e desunião entre seu povo e componentes”.
"A Agência de Segurança Interna disse que monitora as atividades suspeitas e chamados que ameaçam a identidade islâmica de nossa sociedade, incluindo o crime de apostasia e incitação a ela", continuou ele.
O comunicado acrescentou: "Atacar a nossa verdadeira religião não é diferente de atos de extremismo e terrorismo e, por meio de monitoramento e investigação, o aparato monitorou o aumento de atividades hostis ao verdadeiro Islã, visando nossos jovens de ambos os sexos, muitos dos quais abandonaram o país”.
Um membro do Conselho Supremo de Estado e do Comitê de Diálogo Político na Líbia, Salem Musa Madi, anunciou em sua página no Facebook que seu filho Sifaw havia sido sequestrado em Trípoli em 26 de março. Em 6 de abril, ele relatou que foi sequestrado pela Agência de Segurança Interna sob a acusação de se converter ao cristianismo.
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Open Doors informa que o número atual de cristãos na Líbia é de 35,4 mil (0,5% da população).
Seu relatório para o ano de 2023, que abrange o período de 1º de outubro de 2021 até o final de setembro de 2022, diz que 200 cristãos foram submetidos a violência física e psicológica durante esse período, e 19 cristãos foram sequestrados e outros 15 presos.
Oito instalações cristãs, incluindo igrejas, foram atacadas diretamente ou em seus arredores.
A Líbia ocupa o quinto lugar na lista da organização de países onde os cristãos enfrentam a maior perseguição.
Em seu detalhado relatório sobre a Líbia, a organização também chama a atenção para a grande influência do eixo Turquia-Catar, que apoia o Islã político, especialmente em Trípoli e no oeste do país.
O Islã político substitui as leis ou as interpreta de forma diferente para que sejam rígidas com outras religiões. Também trabalha para mudar a cultura da sociedade – o que a coloca sob grande pressão – para que ela se torne mais radical e mais rígida e extremista, não só em relação a outras religiões, mas também em relação a outras seitas ou correntes pertencentes à mesma religião.
O comunicado publicado na quinta-feira (13) confirma a transferência dos acusados para o Ministério Público. Com isso, eles correm o risco de ser condenados à pena de morte.
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— ACI Digital (@acidigital) April 17, 2023