Dom Silvio Báez, bispo auxiliar de Manágua, respondeu aos novos ataques do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, à Igreja e disse que estes são sinais da fraqueza e do desespero de quem governa o país centro-americano.

“Nós nicaraguenses temos que aprender a interpretar a linguagem do ditador. Ele fala para a sua gente, fala para as suas bases; não fala como estadista para o país, porque não governa a Nicarágua”, disse dom Báez em declarações à imprensa no domingo (16), em Miami.

“Quando ele diz essas coisas, você tem que interpretar que é para o povo dele, para que o vejam como forte. E no fundo, nós que o ouvimos devemos pensar que é um sinal de fraqueza, um sinal de desespero. Ele sabe que está sozinho dentro e fora do país”, disse o bispo nicaraguense.

No sábado (15), Ortega voltou a atacar a Igreja Católica, no âmbito de um encontro que teve com Luo Zhaohui, presidente da Agência Chinesa de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.

No encontro, Ortega atacou os bispos da Nicarágua e disse que dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos e quatro meses de prisão, “se dedicou a boicotar e sabotar atividades econômicas e produtivas em Matagalpa”.

Segundo informou o jornal Confidencial Digital, Ortega também atacou os bispos, que serviram de mediadores após os protestos de cidadãos de abril de 2018 e que foram fortemente reprimidos pelo governo.

 

Depois de dizer que os bispos deram um “ultimato” para que o governo desmonte “todos os poderes do Estado”, Ortega disse que “o bispo de Matagalpa foi quem assumiu a liderança. Desde quando os bispos têm autoridade para decidir quem governa e quem não governa?”

Liberdade incondicional para dom Álvarez

Em suas declarações à imprensa, dom Báez recordou que “meu irmão, o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, foi preso injustamente”, e por isso disse que nunca se cansa de “exigir sua libertação imediata e incondicional”.

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“Eu digo isso todos os dias, todos os domingos, e continuo a pedir ao Senhor a sua liberdade, exigindo que se faça justiça, porque é inocente”, disse Báez.

“Ele tem o direito de estar com seu povo e seu povo tem o direito de ter seu bispo. Acredito que Rolando não deveria estar preso, porque ele é inocente”, disse.

 

Dom Báez também falou da importância dos protestos de 2018, onde muitos morreram nas mãos das forças do governo e durante os quais o regime deteve centenas de pessoas.

“A experiência de abril de 2018 nunca deve ser esquecida. Não só porque foi um marco que dividiu para sempre a história da Nicarágua, mas também porque em abril de 2018 se criou um tipo de convivência que deve se tornar um modelo para o futuro”, disse o bispo auxiliar de Manágua.

“Ali desapareceram as cores políticas, não havia ideologias excludentes, ali ninguém brigava com ninguém, ali todos pensávamos na Nicarágua. É por isso que acho que o espírito de abril deve permanecer no futuro", continuou.

Concluindo, dom Báez disse que “como crente, como pastor, não perco a esperança de ver nosso país livre” com uma sociedade onde haja “justiça, paz, liberdade e respeito pelos direitos humanos”.

Nestes dias e em diferentes partes dos EUA, estão acontecendo marchas e eventos em memória dos protestos de 2018, nos quais também se pede a libertação do bispo Rolando Álvarez.

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