NATAL, 24 de abr de 2023 às 17:07

Cerca de 120 famílias organizadas pelo Movimento de Luta Por Moradia Popular (MLMP) invadiram um casarão que pertence a arquidiocese de Natal. As famílias estavam nos bairros de Nazaré, Felipe Camarão e Bom Pastor e ocuparam o terreno na madrugada da sexta-feira (21).

O MLMP é um movimento filiado a União Nacional Por Moradia Popular (UNMP) e a Central de Movimentos Populares (CMPA) que buscam articular e mobilizar os movimentos de moradia, lutar pelo direito à moradia e por reforma urbana no Brasil.  A forma de organização desses movimentos tem forte influência das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs), que contribuíram diretamente na formação de grande parte de suas lideranças.

O terreno que foi ocupado fica no bairro Bom Pastor, Zona Oeste de Natal (RN) e era a residência do padre Thiago Theisen, que morreu aos 90 anos, no dia 9 de outubro de 2021. Depois de sua morte, o local passou a ser administrado pela arquidiocese de Natal, dona do terreno.

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O pároco da Catedral de Natal, padre Valdir Cândido disse que ao saber da invasão no terreno, primeiramente registrou um boletim de ocorrência. Depois foi ao local e observou que as famílias estão na “área do terreno”, mas não entraram na parte “interna da casa”. Ele conversou com algumas pessoas que disseram “que não querem em si o terreno, mas que a arquidiocese provoque o Poder Público, em especial o governo do Rio Grande do Norte, para questão de moradias”, de terrenos “próximos" ao casarão.

Ele reforçou que após a morte do padre Thiago Theisen, a arquidiocese de Natal procura “entender o que é que cabe” “nesse terreno”.  E “inicialmente” pensaram realizar “uma ação social”, como “um society que pudesse atender a comunidade mais carente".

Segundo o coordenador do MLMP, Wellington Bernardo o terreno estava abandonado, “o casarão está todo depredado” e “o local servia para práticas ilícitas, como o consumo de drogas e apoio para furtos e roubos na região”.  “Então, a gente ocupou para que se cumpra o que está na Constituição. Queremos que essa área cumpra uma função social”, explicou.

“O que a gente quer é uma negociação. Na sexta, o padre Valdir Cândido, pároco da catedral metropolitana de Natal, esteve aqui e nós conversamos exatamente sobre essas possibilidades, uma vez que a igreja defende os pobres. Estamos buscando um diálogo. Não estamos irredutíveis a nada”, declarou o coordenador do MLMP.

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Padre Valdir informou que a arquidiocese iria “tentar provocar o poder público para ver a questão” das famílias e que hoje (24), vai “articular com o governo do Rio Grande do Norte esta conversa para ver qual o resultado de tudo isso".

"Não tendo, a arquidiocese entrará na Justiça com a reintegração de posse, porque é um terreno legal, pertence a Arquidiocese e não está abandonado", assegurou o sacerdote.

 

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