Na primeira entrevista que concede à televisão, o Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e Bispo do Bilbao, Dom. Ricardo Blázquez, passou revista a alguns assuntos de interesse geral nas relações da Igreja com o Governo espanhol nos últimos meses como a reforma educativa, os "matrimônios" homossexuais e a paz no País Basco.

Ao referir-se às relações da Igreja com o Governo socialista, o Prelado declarou à rede Cuatro que, a seu ver, são "corretas", precisando que "há questões em cima da mesa, outras que já passaram e outras que nos aguardam". "Ser cristão em nosso mundo não é simples, como nunca o foi. Mas não podemos dizer que a Igreja esteja sendo perseguida", detalhou.

Neste sentido, Dom Blázquez advogou pela consolidação dos Acordos de 1979 sobre a base do "Estado não confissional", pois corresponde a este "servir à sociedade e aos cidadãos em todas suas dimensões, também na religiosa". A esse respeito, o Presidente se mostrou a favor da assinatura de acordos "com outras confissões não católicas, mas que não o faça às custas de desatender a maioria católica deste país".

Depois de exortar ao diálogo como "forma de relação primitiva" da Igreja com a sociedade, o Bispo defendeu o direito de todos os cidadãos a manifestar-se, como aconteceu no caso da Lei Orgânica de Educação (LOE) ou dos "casamentos" homossexuais. "Os bispos não convocam manifestações, mas sim pode haver causas com as que a Igreja se sinta identificada", disse.

Ao referir-se ao projeto da LOE, em trâmite no Congresso, o Prelado expressou sua confiança em "resolver de forma satisfatória" as diferenças por assuntos como o da aula de Religião e assinalou que "a Igreja não vai deter a tentativa de dialogar".

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"A aula de Religião é como uma espécie de teologia em pequeno formato e é necessário conhecer o que fazemos e o que significa para nos orientar no mundo", acrescentou.

Sobre as uniões homossexuais, Dom. Blázquez reafirmou que "a Igreja aceita a toda pessoa e não discrimina ninguém", enfatizou porém que "o matrimônio é entre pessoas de sexos diferentes. A Igreja opina que o matrimônio é a união estável por amor, não por conveniência, entre um homem e uma mulher para a mútua complementaridade e para a transmissão da vida".

"A salvaguarda da identidade do matrimônio é uma questão não só eclesiástica, mas também da cultura universal, de milênios. Tentar definir de novo o matrimônio me parece um atrevimento excessivo", explicou o Prelado.

Mais adiante, o Bispo de Bilbao expressou seu enérgico apoio à paz no País Basco. "Só através da renúncia inequívoca à violência vamos entrar na mudança da pacificação", assinalou.

Finalmente, o Presidente da CEE se referiu à rede de rádio Cope, indicando que "cumpre uma missão importante na sociedade na hora de informar, transmitir a verdade e ajudar a configurar a opinião pública" mas matizou que "há programas que nós gostamos mais e outros que nós gostamos menos" e pediu "distinguir a Cope como conjunto e programas determinados".