A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), expressou sua preocupação pelo aumento da pobreza, a falta de segurança e o "destino democrático" do país, cuja fragilidade se manifestou na alta abstenção –74,4 por cento– nas eleições da nova Assembléia Nacional (AN).

Ao concluir a 80º Assembléia Ordinária do Episcopado, os bispos emitiram um comunicado no qual chamam a "descobrir e construir vias de solução" a estes problemas.

Do mesmo modo, a CEV advertiu que preocupam "as manifestas suspeitas de uma ampla e profunda corrupção, as dispendiosas solidariedades externas e a deterioração das instituições" do país, governado desde 1999 por Hugo Chávez, que aspira a uma nova reeleição.

Com respeito à nova AN, conformada em sua totalidade por parlamentares oficialistas diante da retirada da oposição, o texto adverte que um poder legislativo "com uma só orientação política cria uma situação político-social inédita e gera graves inquietações".

Nesse sentido, e com o objetivo das eleições presidenciais deste ano, a CEV pede renovar totalmente o Conselho Nacional Eleitoral, "conforme ao estabelecido na Constituição e com as exigências inadiáveis de transparência, autonomia e confiabilidade".

Do mesmo modo, exortou ao Governo iniciar um diálogo nacional, porque todos, "com diferentes graus de responsabilidade, somos parte dos problemas e devemos ser da mesma maneira, parte da solução".

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Por outro lado, o documento reconheceu o contribua com social dos programas educativos e de saúde, entretanto, assinalou que estas são "respostas parciais" à pobreza. Acrescenta que o Governo "não faz ênfase em fazer que desapareçam as causas".

"Há um problema que se vê claramente e é a deterioração da qualidade de vida em todos seus aspectos, o aspecto pessoal, individual, a coletividade dentro da que alguém se move, seja o bairro ou a urbanização ou seja uma cidade, e o caso de Caracas, é o mais emblemático", assinalou por sua vez o Arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Porras Cardozo, à imprensa local.

O Prelado denunciou a contradição entre as estatísticas oficiais e o que se sente na vida diária. Explicou que segundo as estatísticas o desemprego baixou, mas isso se deve ao aumento do emprego informal. "Teríamos que nos perguntar se o horizonte de esperança do venezuelano é poder montar uma barraca em qualquer esquina, para poder tentar sobreviver", assinalou.

Dom. Porras esclareceu que a Igreja no país não está dividida. Acrescentou que os bispos estão dispostos ao diálogo mas que isso não quer dizer "vacilar, nem ajoelhar-se por parte da cidadania".

Indicou que dialogar não significa que quem tem o poder imponha sua posição. "O diálogo é outra coisa, para que possa ser real e para que nos leve pelos caminhos da paz e a serenidade", finalizou.