O diretor do Instituto Superior de Ciências Religiosas da Universidade San Dámaso e exorcista da arquidiocese de Madri, padre Eduardo Toraño López, disse que no final de um exorcismo se reza a oração do Magnificat porque a humildade da Virgem vence a soberba do demônio.

O Magnificat é a oração que Maria fez durante a visita a sua prima Isabel, mãe de são João Batista, conforme o relato de Lucas 1, 46-55

Durante o Congresso Mariológico Internacional celebrado recentemente na Universidade Católica de Valência, o padre Toraño disse que ao fazer um exorcismo é "essencial" recorrer à Virgem Maria.

“Maria é a cheia de graça, cheia do amor de Deus, cheia do Espírito Santo, cheia de humildade”. O demônio “não a suporta” porque “o pecado fundamental do demônio é o orgulho”, disse o padre.

Assim, “enquanto Satanás quis e quer ser deus contra Deus, Maria, por sua vez, é humilde”, disse Toraño. Por isso, continuou, “no final do exorcismo reza-se o Magnificat, que mostra como a humildade de Maria vence o soberbo. A Imaculada Conceição costuma ser representada, lembremo-nos, esmagando a serpente”.

Não é o único momento em que a Mãe de Deus é invocada, porque “no ritual, a primeira coisa que se faz é pedir a intercessão dela e dos santos”.

O padre Toraño recordou que “Ela é o auxílio dos cristãos e o consolo dos aflitos. Dessa forma, se a pessoa recorrer a Nossa Senhora, ela a protegerá e a acompanhará no processo de libertação, que em muitos casos é um processo longo”.

O demônio existe

O exorcista espanhol disse em seu discurso que "quem não acredita na realidade do demônio está fora do magistério da Igreja" e disse que a ideia de que Satanás não é um ser real, mas uma personificação figurativa do mal, "vem do método exegético histórico crítico, do racionalismo que entrou na Igreja”.

Esse racionalismo, acrescenta, no entanto, é incapaz de explicar fenômenos que ocorrem durante exorcismos como "que uma pessoa magra, pesando 50 quilos, se imponha fisicamente a cinco homens fortes".

Padre Toraño recordou que o Catecismo da Igreja Católica diz no número 2.851 que “o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus”.

Exorcismo não é magia

Ao longo da sua intervenção no Congresso Mariológico Internacional, o exorcista espanhol disse que "um exorcismo não é algo mágico", mas faz parte da "pastoral de consolo e acompanhamento" das pessoas que sofrem males.

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É “uma ajuda, um sacramental para crescer na vida cristã”, por isso “é fundamental o acompanhamento espiritual” e a inserção numa comunidade. Isso é “especialmente importante, porque o grande propósito do diabo é nos destruir e sua maneira de fazer isso é nos isolar”.

Descartar um problema mental

Para discernir se um caso está relacionado à ação demoníaca ou se é uma questão psiquiátrica ou psicológica, os exorcistas primeiro conduzem uma entrevista "para conhecer a vida e a história" da pessoa.

“O discernimento se faz sempre buscando uma explicação natural, uma extraordinária. Em seguida, fazemos orações de libertação, para comprovar se há algum mal espiritual observando suas reações”, disse Toraño.

Algumas dessas reações podem ser equívocas, razão pela qual psiquiatras ou psicólogos são consultados, pois "se alguém não tem experiência nesse campo, pode facilmente se enganar ao ver uma manifestação diabólica em algo que não é".

A possessão

Para que se possa falar propriamente de “possessão demoníaca”, o padre Toraño disse que “devem aparecer reações físicas e outros elementos, como aversão a objetos religiosos, rejeição do padre, cuspir, blasfemar…”

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Na possessão “a pessoa perde o controle de seu corpo, submetida ao controle despótico do demônio. Nesses momentos, a pessoa nã é ela em si mesma, é o demônio que se move, fala e olha através da pessoa; e é um olhar aterrador”, disse.

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