“Comunicamos que o evento “Encontro com o Frei Betto', que abordaria o tema: “As fomes do Brasil e esperanças de futuro”, inicialmente, agendado para o dia 13 de junho, não acontecerá mais nas dependências da instituição”, comunicou ontem (12), em suas redes sociais o colégio católico São José, em Caxias do Sul (RS). O cancelamento da palestra do escritor e frade dominicano foi pedido por um abaixo assinado com mais de 2,7 mil assinaturas de pais e familiares de alunos.

O abaixo-assinado diz que “Frei Betto (Carlos Alberto Libânio Chisto) é adepto da Teologia da Libertação”, movimento de esquerda baseado na interpretação do cristianismo que o reduz a um programa político de reforma radical das estruturas econômicas e sociais. O documento diz ainda que ele escreveu “diversos livros e artigos” que “se apresentam totalmente contra aos valores” que os pais e familiares acreditam “ser importantes e essenciais na educação” de suas “crianças”.

“Podemos citar a “Cartilha LGBTI+” e sua defesa a Ideologia de Gênero. Defende também que a legalização do aborto conforme artigo publicado no CNM/CUT”, alega o abaixo-assinado. “Nós como pais e familiares nos sentimos totalmente incomodados com o abismo entre os nossos interesses educacionais e tal encontro a ser realizado em local que escolhemos como segunda casa dos nossos filhos”.

Frei Betto é militante dos movimentos pastorais e sociais ligado ao PT. De 2003 a 2006 foi assessor especial do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, então em seu primeiro mandato, e foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero.

Ele e autor do livro Cartilha Sexo, orientação Sexual e “Ideologia de Gênero” que, segundo sua sinopse, “aborda em linguagem popular homossexualidade, diversidade de gênero, união homoafetiva, orientação sexual e “ideologia de gênero”. No livro Betto diz que a Bíblia não condena a homossexualidade.

A doutrina católica sobre o tema está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica:

2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

2.359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.

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O colégio São José disse a ACI digital que o “o evento não era do colégio” e que somente “havia alugado o espaço” a pedido dos sindicatos. “Diante dessa manifestação dos pais, do abaixo-assinado”, o colégio “resolveu acolher o pedido dos pais”.  “Afinal, são eles que estão ao nosso lado nessa caminhada, da educação. A gente entende que não é momento de causar transtorno com os pais, de criar discórdia com as famílias, com os pais e acatamos o pedido”, disse o setor de comunicação do colégio.

A palestra é promovida pelo Fórum das Entidades e Movimentos Sociais que é formado por 19 entidades ligadas a esquerda do Estado do Rio Grande do Sul e coordenado pela ex-deputada estadual do Rio Grande do Sul pelo PT, Marisa Formolo. O fórum reúne sindicatos, cooperativas, associações e entidades ligadas à Igreja, como as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) do Rio Grande do Sul, a Escola de Formação Fé, Política e Trabalho.

Depois de acatar o pedido dos pais, o colégio São José, que completou 122 anos de fundação em Caxias do Sul e é administrado pela Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, que tem como missão a promoção “a comunhão entre si, com Deus e com o próximo”, disse à ACI Digital que “a posição do colégio é cristã-católica”.

“Não seguimos nem a um e nem a outro, nossa posição é essa: cristã-católica, somos baseados na ética, nos valores cristãos, pela família, pela fraternidade, respeito, humanidade e tudo aquilo que está em nosso estatuto”, afirmou a comunicação do colégio.

Com o cancelamento da locação no colégio São José, a palestra "Fomes do Brasil e esperanças de futuro", ministrada por frei Betto foi transferida para o teatro da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

 

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