WASHINGTON DC, 16 de jun de 2023 às 15:34
Uma “Missa do Orgulho” ocorreu na Igreja Católica da Santíssima Trindade em Washington, DC, na noite de quarta (14), apesar dos pedidos para que o cardeal Wilton Gregory, arcebispo de Washington, a cancelasse.
Cerca de 250 pessoas participaram da terceira missa anual do Orgulho, organizada pelo Ministério LGBTQIA+ da Santíssima Trindade na igreja administrada por jesuítas, localizada no bairro de Georgetown, em DC.
O presidente Joe Biden assiste a missa dominical na Santíssima Trindade, assim como a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi. O presidente John F. Kennedy e sua família também assistiam à missa na igreja.
Segundo declaração online do celebrante, o padre Kevin Gillespie, SJ, pároco da igreja, a missa foi “uma expressão da declaração de missão da nossa paróquia de acompanhar uns aos outros em Cristo, celebrar o amor de Deus e transformar vidas”.
Anna Katherine Howell, 31, católica convertida que luta contra a atração pelo mesmo sexo liderou o pedido ao cardeal Gregory para cancelar o evento.
Segundo Howell, “os eventos do 'Orgulho' patrocinados e/ou assistidos por católicos são contrários ao ensinamento católico, causam escândalo e realmente prejudicam fiéis, católicos castos com atração pelo mesmo sexo que não desejam celebrar ou ser identificados por seus piores impulsos ou pecados passados”.
Howell disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que as missas do orgulho, programadas para acontecer em Pittsburgh, DC, Nova York e Chicago em junho, longe de serem amorosas, representam uma grave ameaça tanto para a Igreja quanto para aqueles que lutam contra a atração pelo mesmo sexo.
O que os indivíduos atraídos pelo mesmo sexo precisam da Igreja, disse Howell, é “caridade e clareza”.
“Afirmar, fechar os olhos e certamente celebrar o mal é mau. Não podemos ser obscuros ou piegas sobre o fato de que os atos homossexuais são inerentemente gravemente pecaminosos”, disse Howell.
“Temos que deixar bem claro que amamos todos os seres humanos, que todos os seres humanos são chamados a Cristo, à sua Igreja”, afirmou Howell. “Mas a partir desse amor, devemos ser especialmente claros sobre o chamado de Deus para as pessoas atraídas pelo mesmo sexo, que é exatamente como seu chamado para todos, que é a castidade, que é a santidade, que é uma vida como um católico onde somos devotados a Deus, orientada para o florescimento e, finalmente, ordenada para uma experiência plena de Deus na visão beatífica”.
Embora Howell tenha dito que centenas de pessoas se juntaram a seu pedido para que Gregory cancelasse a missa, ela não recebeu nenhuma resposta.
Nem Gregory nem a Arquidiocese de Washington fizeram qualquer declaração sobre a missa do orgulho.
Durante a missa, foram oferecidas orações em solidariedade às pessoas LGBTQ+ e à comunidade LGBTQ+.
O programa de missa distribuído pelos organizadores da "Missa do Orgulho" de DC apresentava com destaque uma bandeira do "Orgulho do Progresso". - Peter Pinedo/CNA
Gillespie fez uma homilia destacando o heroísmo de Mychal Judge, padre franciscano e capelão bombeiro de Nova York, morto em serviço durante os ataques terroristas de 11 de setembro ao World Trade Center em Nova York. Gillespie destacou o ministério de Judge para com as vítimas da AIDS e seu ativismo pelos direitos dos homossexuais como “um padre abertamente gay”.
Um folheto referenciado pelo Rev. Kevin Gillespie durante sua homilia retrata o padre franciscano Mychal Judge, que foi morto em serviço no 11 de setembro e, de acordo com Gillespie, era um padre abertamente gay. - Peter Pinedo/CNA.
Alguns dos presentes seguravam pequenas bandeiras do “Orgulho do Progresso” que pegaram de uma mesa nos fundos da igreja. Os programas de missa entregues por voluntários também traziam a bandeira, que é um símbolo de “orgulho” e aceitação de homossexuais e transgêneros.
Do lado de fora da igreja, um grupo de pouco mais de 20 pessoas se reuniu para fazer uma vigília de oração e protestar contra a missa. Entre eles estavam membros dos grupos católicos “Tradition, Family and Property America” e “America Needs Fatima”. Os sons de gaitas de foles, pessoas rezando o terço e cânticos podiam ser ouvidos de dentro da igreja durante a missa.
Outside DC's Holy Trinity Catholic Church Wednesday night, a group of just over 20 people gathered to hold a prayer vigil and protest the "Pride Mass" organized by the parish's LGBTQ ministry. pic.twitter.com/Dc53aBiYzi
— Catholic News Agency (@cnalive) June 15, 2023
Na conclusão da missa, o líder do ministério LGBTQIA+ da igreja da Santíssima Trindade, Ernest Raskauskas, pediu aos participantes que saíssem pelas portas laterais “por causa de várias coisas acontecendo no bairro, não vamos dizer por quê”, ao que a multidão explodiu em gargalhadas.
Raskauskas disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, que a missa foi “uma bela ocasião” que foi apoiada por “toda a paróquia” e deu à comunidade “um verdadeiro sentimento de pertença”.
A arquidiocese não respondeu ao pedido de comentário da CNA.
Um evento semelhante anunciado como uma “Missa do Orgulho” na Universidade Duquesne de Pittsburgh no último domingo foi cancelado depois que o bispo da diocese, David Zubik, desautorizou o evento em uma carta enviada a padres, diáconos e seminaristas.
“Como [uma] Igreja, todos nós temos a responsabilidade de amar aqueles que sentem atração pelo mesmo sexo. Mas, ao mesmo tempo, a Igreja não pode apoiar um comportamento que vá contra a lei de Deus”, escreveu Zubik, concluindo que “dado tudo o que aconteceu em torno deste evento, peço que este encontro seja cancelado”.
Kevin Hayes, presidente da Catholics for Change in Our Church, um dos grupos que organizam o evento de Pittsburgh, condenou a carta do bispo, dizendo à CNA que seu grupo “estava triste, magoado, desapontado e chateado porque a missa foi cancelada pelo bispo Zubik”.
“Embora entendamos que pode ter havido algumas ameaças, achamos que teria sido mais poderoso se levantar com amor e apoiar a realização da missa”, disse Hayes.
A doutrina católica sobre a homossexualidade está resumida nos três seguintes artigos do Catecismo da Igreja Católica;
2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» (104). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2.359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
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— ACI Digital (@acidigital) June 9, 2023