Quatro bispos alemães votaram hoje (20) contra o financiamento do comitê sinodal que se prepara para introduzir um Conselho Sinodal Alemão permanente para supervisionar a Igreja na Alemanha.

O Caminho Sinodal Alemão é um processo de discussão sobre reformas na Igreja que propôs mudanças na doutrina sexual da Igreja, para permitir o homossexualismo, o fim do celibato sacerdotal e a ordenação de mulheres, além da criação do conselho permanente para supervisionar os bispos.

 

Os quatro bispos são o cardeal Rainer Maria Woelki, de Colônia, e três bispos da Baviera: Gregor Maria Hanke, OSB, de Eichstätt, Stefan Oster, de Passau e Rudolf Voderholzer, de Regensburg.

 

A conferência episcopal alemã emitiu hoje (20) um comunicado, dizendo: "Para uma grande maioria dos bispos diocesanos, é importante que as 15 decisões da assembleia sinodal sejam implementadas o mais rápido possível".

 

No entanto, como é necessária uma decisão unânime dos bispos para fornecer recursos financeiros e humanos, "e quatro bispos declararam que não aceitarão mais financiamento para o Caminho Sinodal", é necessário encontrar outras formas de financiamento,

"A primeira reunião do Comitê Sinodal acontecerá, conforme planejado, de 10 a 11 de novembro de 2023", disse a conferência dos bispos.

Embora os números do financiamento para o comitê sinodal de três anos não tenham sido divulgados publicamente, o porta-voz da Conferência dos Bispos Alemães (DBK), Matthias Kopp, disse ao jornal National Catholic Register, do grupo EWTN a que pertence ACI Digital, em maio que 5,5 milhões de euros foram gastos no Caminho Sinodal durante a fase de assembleias em seus três anos iniciais.

 

Hoje, os quatro bispos que votaram contra o financiamento do comitê sinodal em um encontro dos 27 bispos diocesanos em Berlim disseram em um comunicado de imprensa conjunto que "o plano de organizar um comitê sinodal na Alemanha agora, que depois estabelecerá um comitê de concílio sinodal, é contra a clara instrução do papa”.

 

“Portanto, não podemos dar este passo neste momento”, afirmaram os quatro bispos. "Não é improvável que neste momento, com muito dinheiro e esforço, estabeleçamos outro órgão cujas competências são tudo menos claras - apenas para descobrir no final que não podemos fazê-lo dessa maneira".

 

“No Caminho Sinodal foram tomadas decisões que causam ansiedade entre muitos fiéis em todo o mundo: são questões profundas de doutrina, especialmente a doutrina da Igreja, da pessoa, dos sacramentos”, disseram os quatro bispos. "Isso levaria a uma polarização ainda maior se fosse levado adiante na Alemanha. É verdade que os temas do Caminho Sinodal Alemão também estão na agenda de outros países ocidentais, mas também há vozes fortes defendendo o ensinamento tradicional da Igreja em todos os lugares."

 

Os textos do Caminho Sinodal Alemão que já foram adotados, devem agora ser levados à discussão com Roma e ao processo sinodal da Igreja universal, diz o comunicado.

 

“Isso também foi acertado durante a visita ad limina dos bispos a Roma em novembro passado, mas em nenhum momento um novo órgão foi discutido”, afirma a declaração conjunta.

 

A CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI, informou no início de junho sobre a possível decisão de vários bispos de não concordar em financiar o comitê sinodal.

 

O bispo Bertram Meier de Augsburg afirmou na época: "Enquanto não forem esclarecidos os objetivos exatos nem as competências concretas do Comitê Sinodal, a situação a esse respeito ainda não está pronta para que eu tome uma decisão. Isso diz respeito tanto à minha participação quanto ao cofinanciamento do comitê.”

 

Meier, por sua vez, não endossou a explicação dos quatro bispos sobre por que eles não podiam votar para financiar o novo órgão.

 

O papa Francisco e outros líderes da Igreja expressaram sérias preocupações sobre os planos de criar um conselho sinodal permanente para a Igreja alemã. O órgão funcionaria “como um órgão consultivo e de tomada de decisões sobre desenvolvimentos essenciais na Igreja e na sociedade”, segundo proposta do Caminho Sinodal.

 

Mais importante ainda, “ele tomaria decisões fundamentais de importância supra diocesana sobre planejamento pastoral, questões futuras e questões orçamentárias da Igreja que não são decididas em nível diocesano”.

 

Ao alertar sobre a ameaça de um novo cisma da Alemanha, a Santa Sé já interveio em julho de 2022 contra um concílio sinodal alemão.

 

Em janeiro de 2023, a Santa Sé disse “que nem o Caminho Sinodal, nem qualquer órgão por ele estabelecido, nem nenhuma conferência episcopal tem competência para estabelecer o ‘conselho sinodal’ em nível nacional, diocesano ou paroquial”.

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