Conclamando a um “um novo vínculo entre os jovens e os idosos”, o papa Francisco celebrou o terceiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos com uma missa no domingo na basílica de São Pedro.

A velhice é um “tempo abençoado”, afirmou o papa em sua homilia, “porque é tempo de reconciliação, tempo de olhar com ternura a luz que brilhou apesar das sombras, confiantes na esperança de que o bom trigo semeado por Deus prevalecerá sobre o joio com o qual o diabo quis atormentar nossos corações”.

“Quanto precisamos de um novo vínculo entre jovens e velhos”, disse o papa, “para que a seiva daqueles que têm uma longa experiência de vida alimente os brotos de esperança daqueles que estão crescendo. Neste fecundo intercâmbio podemos aprender a beleza da vida, construir uma sociedade fraterna e, na Igreja, ser capazes de nos encontrarmos e dialogarmos entre a tradição e a novidade do Espírito”.

Foi a primeira vez que Francisco presidiu a missa papal especial desde o início do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos em 2021. A celebração agora é realizada no quarto domingo de julho, o domingo mais próximo da festa de 26 de julho de Joaquim e Ana, os avós de Jesus.

Juntando-se a cerca de 6 mil avós e idosos na liturgia, estavam os jovens que vão à Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, Portugal, que começa em 1º de agosto. Antes da bênção final da missa, cinco jovens e cinco idosos, representando os cinco continentes, se dirigiram à frente da basílica. Os idosos colocaram então cruzes de peregrinos no pescoço dos jovens.

Em sua homilia, o papa Francisco refletiu sobre três parábolas de Jesus no Evangelho de Mateus de domingo, concentrando-se no tema “crescer juntos”.

“Jesus usa parábolas para nos ensinar sobre o reino de Deus. Ele conta histórias simples que tocam o coração de seus ouvintes”, observou o Papa.

“Essa linguagem, cheia de imagens, lembra a linguagem que os avós costumam usar com os netos, talvez enquanto os seguram no colo. Assim, eles transmitem uma sabedoria importante para a vida”, afirmou.

Na primeira parábola, o fazendeiro ordena que o trigo e o joio cresçam juntos até a colheita.

“Esta imagem nos ajuda a ver as coisas com realismo: na história humana, como na vida de cada um de nós, há uma mistura de luz e sombra, amor e egoísmo. O bem e o mal estão até mesmo interligados a ponto de parecerem inseparáveis”, disse o papa.

Para Francisco, é uma “abordagem realista” que ajuda a olhar para a história evitando tanto o “otimismo estéril” quanto o “pessimismo venenoso”.

“Os cristãos, movidos pela esperança de Deus, não são pessimistas; nem vivem ingenuamente em um conto de fadas, fingindo não ver o mal e dizendo que 'está tudo bem'. Não, os cristãos são realistas: eles sabem que há trigo e joio no mundo”, disse ele.

 

 

Os cristãos reconhecem essa interação não apenas no mundo em geral, mas também em suas próprias vidas, continuou ele, percebendo que “o mal também vem de dentro de nós”.

A parábola coloca a questão do que fazer com essa situação, e o papa observou como os servos querem arrancar as ervas daninhas.

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“Essa atitude vem de boas intenções, mas é impulsiva e agressiva”, alertou o papa Francisco.

“Eles se iludem pensando que podem erradicar o mal por seus próprios esforços para salvar o que é puro”, continuou ele. “De fato, frequentemente vemos a tentação de buscar uma ‘sociedade pura’, uma ‘Igreja pura’, enquanto, trabalhando para alcançar essa pureza, corremos o risco de ser impacientes, intransigentes e até violentos com aqueles que caíram no erro”.

Em vez disso, Jesus diz que o trigo e o joio devem crescer juntos, enfatizou o Santo Padre.

“Como é bonita esta visão de Deus, sua maneira de nos ensinar sobre a misericórdia”, disse o papa. “Isso nos convida a ser pacientes com os outros, a ser pacientes com os outros e – em nossas famílias, na Igreja e na sociedade – a acolher as fraquezas, os atrasos e as limitações, não para nos deixarmos acostumar com eles ou desculpá-los, mas para aprender a agir com respeito, cuidando do trigo bom com delicadeza e paciência”.

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Em todo caso, é obra de Deus, não nossa, purificar o coração e reivindicar a vitória definitiva sobre o mal, disse o papa.

Ele então observou como essa atitude nos ajuda a olhar para trás em nossas vidas, especialmente quando já vivemos mais.

Os idosos, observou ele, olham para trás em suas vidas e veem “tantas coisas bonitas”, mas também “derrotas e erros”.

“No entanto, hoje o Senhor nos oferece uma palavra gentil que nos convida a aceitar o mistério da vida com serenidade e paciência, a deixar o julgamento para Ele, e não viver uma vida arrependida e com remorsos”, disse ele.

O papa considerou a segunda e terceira parábolas, sobre a mostarda e o fermento, como imagens para encorajar os idosos e os jovens a viverem juntos.

A Escritura nos chama a ser vigilantes para não marginalizar os idosos, disse o papa, “para que nossas cidades lotadas não se tornem 'centros de solidão'; que a política, chamada a atender às necessidades dos mais frágeis, nunca esquece os idosos nem permite ao mercado bani-los como 'resíduos inúteis'.

“Que não corramos atrás das utopias de eficiência e desempenho a toda velocidade, para não nos tornarmos incapazes de desacelerar para acompanhar aqueles que lutam para acompanhar”, exortou o papa. "Por favor, vamos nos misturar e crescer juntos."

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