SÃO PAULO, 30 de jul de 2023 às 16:17
Daiane Silva Pereira, de 29 anos, é missionária da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Hoje (30), está embarcando para Lisboa, Portugal, para a sua quarta Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o mesmo número de jornadas do papa Francisco. Em suas experiências de JMJ, viu o despertar e amadurecimento de sua vocação.
“Nunca tinha parado para pensar, mas, realmente, tenho acompanhado o papa Francisco nisso. Vejo que é um mover de Deus também. As falas do papa Francisco, os temas das jornadas sempre caíram como um luva dentro do que eu estava vivendo”, disse à ACI Digital, horas antes de embarcar.
A primeira JMJ de Daiane foi a do Rio de Janeiro (RJ), em 2013. Aquela também foi a primeira jornada de Francisco como papa e a primeira viagem internacional dele após sua eleição em março daquele ano.
“Na Semana Missionária, a semana que antecedeu a JMJ, acolhemos 146 noruegueses na minha cidade, Viçosa (MG)”, recordou. “Para mim, foi uma experiência inimaginável, porque nunca tinha tido contato com pessoas de outros países e pude conhecer a cultura, a fé deles. Por exemplo, alguns compartilharam comigo que na minha cidade, podíamos andar com camisa com estampa religiosa, escrito Jesus Cristo, mas na cidade deles, alguns não podiam nem falar que eram cristãos que eram perseguidos, não perseguição em si, mas chacotas. Isso me deu um baque muito grande, porque muitas vezes, não valorizamos aquilo que temos. Foi um despertar”, disse.
O grupo de noruegueses tinha algumas vagas sobrando para a JMJ no Rio, de peregrinos que não puderam ir. Então, chamaram Daiane para ir com eles, como intérprete. “E eu só falava inglês no presente, não sabia falar muito bem. Mesmo assim, me escolheram. Então, eu perguntava: Senhor o que quer de mim?”, contou a missionária.
A JMJ Rio 2013 teve como tema ‘Ide e fazei discípulos entre as nações’. “Ali, na jornada do Rio, tive o meu chamado para procurar saber aquilo que Deus tinha para mim. Porque eu ficava esperando, já tinha uma caminhada na Igreja, mas não dava passos. Foi ali que comecei a despertar que eu precisava aprofundar mais”, disse.
Daiane lembrou que já tinha ido à Canção Nova, em Cachoeira Paulista em 2011 e em 2013, quando participou do encontro jovem Revolução Jesus, que aconteceu em janeiro. Retornou para este encontro em 2014, pós-jornada. “Eu voltei e o Senhor já me incomodou: ‘Você não quer dar passos? Então, dê’. Mas, eu achava que não”, contou. Em 2015, disse que sentiu Deus lhe dizer ‘aqui é seu lugar’. “Mas, eu pensava: como largar tudo? Na minha cabeça não fazia sentido. Então, prolonguei mais um ano”.
Em 2016, Daiane foi com um pequeno grupo para a JMJ em Cracóvia, Polônia. “Passamos em um santuário de santa Faustina onde colocaram alguns toldos na entrada com a história dela. Um deles contava que ela estava dançando com um rapaz e o Senhor apareceu para ela desfigurado e disse: ‘até quando eu hei de ter paciência contigo?’. Eu parei naquele momento e escutei o Senhor falando comigo: ‘Daiane, até quando vou ter paciência? Já te chamei’”.
Ela lembrou que o tema da JMJ Cracóvia 2016 foi ‘Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia’. “Eu experimentei de forma concreta a misericórdia de Deus naquela jornada. Fui de novo sendo envolvida por isso e questionando ao Senhor”.
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Após essa experiência, resolveu dar passos e escreveu para a Canção Nova, “para conhecer e ver o que o Senhor queria”, e começou o caminho de discernimento vocacional. Em paralelo, preparava-se para a JMJ Panamá 2019, para a qual levou um grupo de 17 jovens de sua cidade.
“O tema do Panamá foi: ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’. Eu fui com muitas dúvidas interiores, se iria dar conta dessa vida missionária, de exigências. Na jornada, eu perguntava ao Senhor se era isso mesmo e o próprio tema dizia. Nossa Senhora não via o todo. Quando o Senhor a chamou, Ela não sabia se ia dar conta, não sabia como seria, não sabia nada. E nós, muitas vezes queremos saber de tudo, ter certezas. Diante das minhas dúvidas pensei: ‘se Nossa Senhora deu o sim e o Senhor fez tudo através dela, eu também estou aqui, Senhor, faça a tua vontade e não a minha’”.
Em 2020, Daiane entro para o discipulado da Comunidade Canção Nova. “Agora, a JMJ Lisboa será a primeira que vou estando na comunidade, onde vivemos da providência. Dentro de mim, achava que não iria, mas coloquei no coração de Deus que eu tinha desejo de ir. Por providência, a Canção Nova ganhou vagas para mandar jovens para a jornada e, há um mês, fiquei sabendo que eu seria um desses jovens”, disse.
A JMJ Lisboa 2023 tem como tema ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’. Daiane disse que tem “rezado bastante sobre isso”. “Eu não sei o que me espera nesta jornada. Estou na expectativa. Mas, Deus já colocou muito forte em meu coração que Nossa Senhora escutou o chamado de Deus, deu o sim e partiu apressadamente para servir, para fazer a vontade de Deus. Eu preciso também sair de mim, ter a ousadia de levar a boa nova para outras pessoas e, principalmente, apressadamente. Os tempos de hoje são muito difíceis, os jovens de hoje são muito difíceis de evangelizar. Então, vejo que o Senhor tem pressa, tem pressa com os jovens, porque existem muitos jovens se perdendo hoje”, disse.
“Jesus está voltando. E, quantas almas ainda precisamos alcançar, quantos jovens ainda falta para alcançarmos, evangelizarmos para que a pessoa possa viver a experiência com Deus. Como o padre Jonas [Abib, fundador da Canção Nova] falava: ‘que minha vida apresse o Senhor e Ele logo virá’. Eu preciso também, com minha vida, com meu testemunho de vida, apressadamente, correr atrás dessas pessoas para apressar a vinda do Senhor”, concluiu.
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