Jovens católicos da Etiópia que participam da JMJ Lisboa 2023, em Portugal, expressaram a alegria de fazer parte de uma comunidade maior de pessoas que compartilham sua fé.

 

Sendo apenas 1% da população de cerca de 120 milhões de pessoas, os católicos são uma pequena comunidade na Etiópia. Os jovens católicos etíopes vivem com a consciência de que são uma comunidade minoritária, segundo Yemesrach Assefa, que lidera o grupo etíope que participa da JMJ de Lisboa.

 

A interação com uma multidão de outros jovens católicos em Portugal é, portanto, reconfortante para os etíopes, pois eles se sentem parte de um grande grupo de crentes, disse Assefa, que atua como coordenadora Nacional da Juventude na comissão para Família, Leigos e Juventude na Conferência dos Bispos Católicos da Etiópia (CBCE), à ACI Africa, agência do grupo EWTN no continente africano.

 

“Sendo um número pequeno, há sempre a sensação de que você está sob o domínio de outras religiões. Mas estar aqui e ver uma comunidade tão grande de pessoas que compartilham nossa fé é muito reconfortante”, disse ela em entrevista no domingo (30).

 

Assefa, que liderou um grupo de mais de 90 jovens etíopes para a JMJ, e chegou a Portugal no dia 26 de julho, descreveu sua experiência até agora como espiritualmente transformadora.

 

Ela contou a peregrinação de seu grupo em 28 de julho a Fátima, que ela descreve como um despertar espiritual, dizendo: “Vimos a fé profunda de outros católicos. Vimos sua devoção à Santíssima Virgem Maria na forma como recitavam o rosário e em sua participação em outras atividades espirituais. E de volta ao nosso grupo, refletimos sobre a peregrinação e todos falaram de como sentiram a forte presença divina em Fátima”.

 

Antes dos eventos da JMJ de Lisboa, programados para 1º a 6 de agosto, o grupo da Etiópia se envolveu em várias outras atividades, incluindo caminhadas e visitas a aldeias.

 

“Estávamos em um vilarejo majoritariamente habitado por idosos. Pouquíssimos jovens. E os idosos ficaram muito emocionados ao ver nossa juventude. Eles foram muito receptivos e aprendemos muito com eles”, diz Assefa.

 

O grupo etíope também viajou com dom Roberto Bergamaschi, da diocese católica de Gambella, na Etiópia. O grupo dá início a cada dia em Lisboa com a reflexão do evangelho conduzida por dom Roberto.

 

Nos próximos dias, o grupo também terá uma celebração eucarística em rito etíope. Junto com etíopes que moram em outros países, os peregrinos de Lisboa vão também celebrar a sua cultura.

 

Assefa relata a mensagem de dom Berhaneyesus cardeal Demerew Souraphiel que, ao despedir-se dos peregrinos, abençoou-os e exortou-os a estarem abertos a conhecer novas culturas.

 

“O cardeal nos disse para estarmos abertos para conhecer outras pessoas, aprender seus modos de vida, aprender outro idioma, forjar e fortalecer nossos relacionamentos com outras pessoas. Ele também nos lembrou de rezar pela paz em nosso país quando fizermos a peregrinação a Fátima”, diz Assefa.

 

Esta é a primeira vez que a Etiópia envia um grande número de jovens para uma JMJ. Apenas sete jovens representaram o país na JMJ de 2019 no Panamá.

 

Assefa, que participou da JMJ de 2016 na Polônia, atribui o grande número de jovens etíopes presentes na JMJ deste ano à criação de um escritório da juventude na CBCE.

 

“O escritório de coordenação nacional para as atividades dos jovens na Etiópia só foi estabelecido em 2020. Antes disso, as dioceses trabalhavam de forma independente para enviar os jovens para esses eventos globais”, disse ela, acrescentando que o estabelecimento do órgão de coordenação nacional rendeu mais engajamento entre os bispos que garantiram a inscrição de um maior número de jovens no evento em Lisboa.

 

Com sua equipe, Assefa começou a planejar a JMJ de Lisboa em outubro do ano passado. O papel do escritório de coordenação nacional incluía a ligação com os bispos no registro online dos jovens e ajudar os registrados com seus pedidos de visto. O escritório também deu pacotes de viagem a 43 peregrinos com problemas financeiros.

 

Assefa, que é membro do African Synod Digital Youth Faith Influencers (ASDYFI, na sigla em inglês), também está entusiasmada por conhecer membros do grupo vindos de mais de 50 países do continente. Ela irá se reunir pela primeira vez com o grupo de jovens que evangelizam seus colegas nas “periferias digitais” na sexta (4).

 

Escolhida para levar a bandeira da Etiópia ao receber o papa Francisco na JMJ Lisboa 2023, Assefa, recebeu a bênção do papa no encerramento de uma conferência a que assistiu em Roma no mês passado.

 

“Esta é a terceira vez que estarei perto do Papa Francisco e me considero muito afortunada”, disse.

 

Assefa exortou seus companheiros peregrinos a aprender como outros jovens de todo o mundo estão lidando com os desafios que enfrentam.

 

Ela expressa otimismo de que os peregrinos irão compartilhar suas experiências com os que ficaram para trás, enriquecendo assim sua fé.

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