O arcebispo de Colônia, cardeal Rainer Maria Woelki, foi criticado publicamente na segunda (31) pelo Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) por advertir formalmente um padre de sua arquidiocese sobre bênçãos a uniões do mesmo sexo.

Birgit Mock, vice-presidente do ZdK, atacou o cardeal, por advertir o padre Herbert Ullmann. O ZdK é fundamentalmente um sindicato dos funcionários leigos da Igreja na Alemanha.

O padre realizou um “serviço de bênção para todos os casais apaixonados”, informou o jornal alemão Rheinische Post, que também publicou uma foto da cerimônia, que inclui os acólitos diante de uma bandeira de arco-íris nos degraus do altar.

Em entrevista à Domradio, Mock chamou a advertência de "além do incompreensível". Ela alegou uma resolução do Caminho Sinodal Alemão de que "todas as pessoas são iguais perante Deus e a dignidade humana inclui identidade de gênero e orientação sexual".

Mock, que chefiou o grupo de trabalho o caminho sinodal sobre sexualidade, é uma firme defensora de desafiar publicamente a Santa Sé, que proibiu abençoar uniões do mesmo sexo.

O Caminho Sinodal Alemão é um processo de discussão entre bispos e o ZdK que já propôs o estabelecimento de um comitê supervisor sobre os bispos alemães, sobre exercício do poder na igreja; a ordenação de mulheres; o fim do celibato sacerdotal; e a mudança da doutrina moral católica para aceitar o homossexualismo.

Em uma tentativa recente de superar as profundas preocupações e a crescente divisão, bispos alemães e representantes da cúria romana se reuniram no Vaticano em 26 de julho para continuar as discussões sobre “as questões teológicas e disciplinares que surgiram em particular no 'caminho sinodal'. ”

Segundo um comunicado conjunto da Santa Sé e da conferência episcopal alemã, o encontro ocorreu em um “clima positivo e construtivo” e será seguido de outros encontros.

A delegação alemã incluía os bispos Georg Bätzing, Stephan Ackermann, Michael Gerber, Bertram Meier e Franz-Josef Overbeck. Também estiveram presentes a secretária-geral da conferência episcopal, Beate Gilles, e o porta-voz, Matthias Kopp. Pela Santa Sé, participaram cinco chefes de departamento e um secretário, entre os quais o cardeal Luis Ladaria, prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé, e o cardeal Kurt Koch, prefeito do dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Os bispos alemães que defenderam a bênção de uniões do mesmo sexo incluem o bispo de Limburg, Georg Bätzing, presidente da conferência dos bispos alemães; o arcebispo de Munique, cardeal Reinhard Marx; o bispo de Osnabrück, Franz-Josef Bode; o bispo de Aachen Helmut Dieser; o bispo de Mainz, Peter Kohlgraf; e o bispo de Dresden-Meissen, Heinrich Timmerevers.

O bispo de Essen, Overbeck, disse publicamente que não tomaria medidas disciplinares contra padres que abençoassem uniões homossexuais.

A congregação para a Doutrina da Fé (CDF) emitiu sua declaração em 15 de março de 2021, em um documento formal conhecido como Responsum Ad Dubium (“resposta a uma pergunta”). Em resposta à pergunta: “A Igreja tem o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo?” o CDF respondeu: “Negativo”.

Em sua nota explicativa, a Santa Sé disse: “A comunidade cristã e seus pastores são chamados a acolher com respeito e sensibilidade as pessoas com inclinações homossexuais e saberão encontrar os meios mais adequados, coerentes com o ensinamento da Igreja, para lhes anunciar o Evangelho em sua plenitude”.

“Ao mesmo tempo, devem reconhecer a proximidade genuína da Igreja – que reza por eles, os acompanha e compartilha seu caminho de fé cristã – e acolher os ensinamentos com sincera abertura”.

A declaração da Santa Sé provocou protestos no mundo católico de língua alemã. Vários bispos apoio bênçãos a uniões do mesmo sexo. Algumas igrejas exibiram bandeiras do orgulho LGBT e um grupo de mais de 200 professores de teologia assinou uma declaração criticando a Santa Sé.

A reação levou os bispos de outros países a expressar temores de que a Igreja alemã esteja caminhando para um cisma.

Católicos alemães também criticaram as bênçãos. O grupo “Maria 1.0” exortou os bispos do país a se unirem a Roma diante dos protestos.

Ao abordar “tendências cismáticas” na Igreja na Alemanha, Helmut Hoping, professor de teologia dogmática na Universidade de Freiburg, disse à CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI, que alguns dos padres “também defendem abertamente a abertura do sacramento do casamento a pessoas do mesmo sexo a médio prazo”.

Enquanto isso, a Igreja alemã enfrenta um êxodo de proporções históricas. Mais de meio milhão de católicos batizados deixaram a Igreja em 2022, o maior número de desfiliações já registrado. Este êxodo em massa levou vários bispos alemães críticos do caminho sinodal, incluindo o bispo Stefan Oster de Passau e o bispo Meier de Augsburg, a reconhecer a necessidade da Igreja de recuperar a confiança com “paciência e credibilidade”.

Na segunda (31), o bispo Gerhard Feige, de Magdeburg, expressou preocupação com a possível fusão das dioceses do leste da Alemanha devido a problemas financeiros após o êxodo. Na Alemanha, a Igreja Católica é financiada com parte do imposto pago ao governo federal por pessoas que se declaram legalmente católicas. Os que declaram ter deixado de ser católicos são impedidos, pela Igreja na Alemanha, de receber sacramentos.

Com cada vez mais católicos batizados se recusando a pagar o imposto da igreja, as elites alemãs que recebem fundos do imposto, como o ZdK, estão preocupadas em criar “pressão” por mudanças enquanto ainda têm os meios materiais para fazê-lo.

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