“As questões ambientais, sim, dizem respeito a nossa fé”, disse o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo cardeal Scherer, ao final da primeira sessão Rise Up de que participou na Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023.

Falando a um público estimado de mil pessoas, em sua maioria portugueses, mas também brasileiros, angolanos, moçambicanos e outros, reunidos no parque da Paz, o cardeal disse que “no momento em que nós descuidamos a natureza, descuidamos a pessoa humana, nós estamos desprezando de alguma maneira o que Deus fez”

O Rise Up é o novo formato que substituiu as catequeses pregadas por bispos das edições anteriores da JMJ. Depois da leitura da passagem do Evangelho que narra a visitação de Nossa Senhora a sua prima Isabel que gestava são João Batista, os jovens presentes receberam nove envelopes com reflexões sobre “ecologia integral” tiradas da encíclica Laudato Si escolhidas pelos organizadores da JMJ. Do Evangelho vem o tema da JMJ Lisboa 2023: «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39).

O jovem que recebia o envelope lia o que estava escrito e, em seguida, outros jovens podiam comentar sobre a questão. Os envelopes indicavam os temas a ser tratados: aquecimento global; direito a água potável; consumo; efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte; crescimento descontrolado das cidades, poluição, caos urbano, transporte, poluição visual e acústica; desaparecimento de várias espécies, muitas pela ação humana; investimento em pesquisa; problema da água disponível para os problemas; comum doenças causadas pela água; degradação humana e social - os mais frágeis do planeta são afetados.

No formato do Rise Up, depois da discussão entre os jovens, o bispo presente encerra o encontro com uma pregação e segue-se a missa.

Para Pedro Pica, português de Moura, de 17 anos, o novo formato é bom porque permite maior participação dos jovens. A JMJ é uma oportunidade de “dar nossa opinião e mostrar ao mundo o que achamos que deveria ser feito”, disse ele à ACI Digital.

Lucas de Almeida, de São Gonçalo (RJ), que esteve no Rise Up, disse à ACI Digital que a JMJ é uma oportunidade de “encontrar a Deus em todas as coisas, mesmo na natureza”.

Para dom Odilo, em sua sexta JMJ, o encontro “é uma experiência maravilhosa, não só para a juventude, mas para a Igreja e a humanidade, porque aqui está o rosto jovem da humanidade, está o futuro da humanidade, estão o rosto jovem da Igreja também”.

“Como arcebispo, como pastor da Igreja, devo estar no meio dos jovens, acompanhar, ouvir, sentir e, na medida do possível também, dizer a minha palavra”, disse ele à ACI Digital.

“Alguém me perguntou antes desse encontro, mas por que abordar essa questão aqui no encontro de Juventude que igreja promove?”, perguntou dom Odilo em sua fala de pouco mais de sete minutos. “Não devíamos estar falando da Bíblia, da catequese, de doutrina, da liturgia? Que te a ver isso com nossa fé? É isso que gostaria de tratar brevissimamente aqui”.

Segundo o cardeal, a ligação da fé com os temas ambientais “está lá no início”.

“Toda natureza também, todo universo, em última análise, é fruto de um querer de Deus Criador”, disse dom Odilo aos jovens. “A partir de nossa fé nós reconhecemos isto: o mundo não surgiu por acaso”.

O que a Bíblia chama de pecado “foi o que aconteceu lá no começo da estrada da humanidade”. Adão e Eva “resolveram agir por conta própria, desobedecendo a Deus, e seguiram a conversa da serpente, que representa o maligno, o inimigo, e assim se introduziu a confusão no mundo a partir de Adão e Eva, que desobedeceram a Deus”.

Para o cardeal, “nós somos chamados a reverter isso mediante nosso modo de ser e agir de não aumentar, não colaborar com a confusão, mas reverter e fazer com que esse mundo seja de novo bom, a convivência seja boa e Deus seja valorizado, respeitado”.

Antes do início do Rise Up, dom Odilo disse à ACI digital que os temas “ecologia integral, amizade social, misericórdia” da JMJ Lisboa 2023 foram escolhas “muito felizes porque estão na linha das mensagens do papa Francisco”.

Respondendo sobre como usar esses temas para a evangelização ao longo da jornada, o cardeal disse que “vai ser a maneira de conduzir esses temas, fazer as devidas ligações, estabelecer o fundo evangelizador que há por trás dessas questões de amizade social, ecologia integral, que no fundo são temas da antropologia, nosso ser, nosso ser, nosso estar no mundo como pessoas humanas”.

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