Lisboa, 3 de ago de 2023 às 11:28
A estudante de 25 anos, Mahoor Kaffashian, conta ao papa como aprendeu a virtude da fortaleza através de sua vida complicada: “Tenho fé, força e coragem”. Nascida no Irã, foi refugiada na Ucrânia, onde foi surpreendida pela guerra.
A experiência fez com que se sentisse “como uma sobrevivente”, mas apesar disso, ela mantém a fé. “Sou crente”, diz, reconhecendo que tem esperança no futuro graças à Universidade Católica Portuguesa que a acolheu.
Kaffashian contou ao papa Francisco como experimentou "a sensação constante de estar sem casa, sem família, sem amigos" e que, depois de ficar "sem casa, sem universidade, sem dinheiro", descobriu o conceito de fortaleza.
“Isso não significa que não me sinta cansada, esgotada e abatida pela dor e pela perda; só que eu tenho a força, a fé e a coragem para continuar", disse ela.
No encontro do papa Francisco com a comunidade universitária, que faz parte da Jornada Mundial da Juventude, outros três estudantes compartilharam suas preocupações.
Intuições da Laudato si
O lisboeta Tomás Virtuoso, estudante de Teologia e mestre em Economia, falou sobre como considera que a sua geração “é convidada a não ignorar as muitas intuições que a Laudato si nos oferece”, que resumiu em cinco aspectos.
O primeiro, “contribuir com o melhor da ciência, confiando no dom divino da razão, para continuar a encontrar soluções eficazes para os desafios que enfrentamos”. Em segundo lugar, citou a ideia de “rejeitar o progresso tecnológico que não tenha uma forte raiz ética e espiritual, que não garanta o respeito pela dignidade inviolável da pessoa e de toda a criação”.
O estudante também quis destacar a necessidade de “viver segundo as exigências do bem comum, princípio estruturante da doutrina social da Igreja”. Esta ideia está ligada ao convite “a uma conversão de vida” e a “uma participação política e social mais comprometida, que coloque no centro a opção preferencial pelos pobres”.
A última intuição resgatada por Tomás Virtuoso da encíclica Laudato sí é o chamado aos jovens católicos "a afirmar sem medo que uma autêntica ecologia integral não é possível sem Deus, que não pode haver futuro em um mundo sem Deus".
“Eu sei que Deus é jovem”
Mariana Craveiro, 21 anos, relacionou seu discurso ao Pacto Global pela Educação promovido pelo papa Francisco.
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Mariana entrou na universidade em meio a uma pandemia. A partir de sua experiência solidária, ela contou como conseguiu “uma compreensão mais integradora dos temas curriculares e mais certeza sobre a responsabilidade cívica que a educação implica”.
Esta aprendizagem leva-a a dizer ao papa: “Quero ser protagonista da mudança e não uma jovem à janela vendo o mundo passar”, com o objetivo de colocar o profissionalismo no caminho de “ajudar a escrever novas histórias e paradigmas para um mundo mais justo e crente”.
“Os jovens temos um grande desejo de contagiar os outros e mostrar que vale a pena arriscar-se com Deus. Sei que Deus é jovem e vejo isso todos os dias em cada um de nós”, concluiu.
Filosofia, remédio para o desenraizamento cultural
Beatriz Ataíde, estudante de filosofia, falou que se sente chamada a “ajudar a levantar os corações feridos pelo pecado” depois de um longo discernimento e da sua “conversão tardia”.
Ataíde, de 27 anos, disse que “a filosofia surge como o caminho pelo qual Deus me permite assumir cada vez mais esse cuidado com meus irmãos e comigo mesma, por quem Jesus Cristo tanto sofre”.
Sobre esta disciplina acadêmica, disse que ela serve “para trabalhar as virtudes, mas também para criar laços de amizade na busca comum da Verdade, que é Cristo, e para combater o desenraizamento cultural”.
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