O padre Daniel Portillo Treviño, diretor do Centro de Pesquisa e Formação Interdisciplinar para a Proteção de Menores (CEPROME), fala sobre os passos que a Igreja Católica deve seguir para recuperar a confiança perdida por causa dos abusos sexuais cometidos por membros do clero.

Em entrevista à EWTN Noticias, telejornal do grupo de comunicação EWTN, ao qual pertence a ACI Digital, o padre fala da importância de uma reflexão profunda sobre liderança e “sobre a pedagogia da confiança que devemos recuperar mais uma vez na Igreja”.

Essa confiabilidade, precisamente, deve ser recuperada com “ambientes de confiança baseados precisamente num vínculo saudável, na transparência, na relação, no respeito pelos direitos” onde “a justiça e a verdade reinem acima de qualquer tendência”.

O padre Portillo também diz que “a pedagogia da confiança também implica nos perguntarmos se nossos ambientes eclesiais, por exemplo, são ambientes capazes de acolher a população que recebemos, se temos consciência das pessoas que estamos recebendo, quem são, de onde são, como vêm”.

Para Portillo, as entidades da Igreja, incluindo dioceses e congregações, devem trabalhar juntas. “Porque senão, algumas instituições podem servir de bode expiatório. Se não for feita uma reflexão mais sistêmica da situação, podemos pensar que os abusos só são cometidos em algumas dioceses, congregações ou institutos, e esquecemos que há uma reflexão mais sistêmica sobre isso”.

Sobre a transparência que deve prevalecer na Igreja, o padre Portillo fala da necessidade de respeitar a confidencialidade” e o devido processo dos acusados.

No entanto, o padre reconhece que por vezes "houve alguns excessos em matéria de confidencialidade" e de "prestação de contas saudável". “Ou seja, tanto as vítimas quanto os acusados não têm informações sobre a resolução do caso”, acrescenta.

Essa situação deve chegar a um ponto médio em que o processo possa ser “efetivamente respeitado”, mas onde haja também uma clara “prestação de contas” do status do processo.

O que as vítimas podem fazer?

“Em primeiro lugar, denunciar. Acho que é fundamental e importante o direito de denunciar perante a autoridade civil e denunciar perante a autoridade eclesiástica”, diz o padre Portillo.

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As vítimas “também têm direito a receber acompanhamento pastoral e espiritual” como parte da “recuperação da confiança”.

Portillo diz que a vítima precisa de acompanhamento "não com a intenção de a desviar de um processo" ou "para que não lhe seja feita justiça", mas para que possa encontrar ajuda e apoio quando decidir abrir "esta ferida da vida dela".

“Ela precisa justamente ter um acompanhamento sobre aquilo que vai reconstruindo pouco a pouco em sua própria história”, diz o padre.

Este acompanhamento permite à vítima seguir em frente e sair de uma situação que pode estar “fragmentada entre a confusão do abuso, ou a situação de não saber onde estava, o que fazia”, prossegue.

“Então essa reconstrução da história é fundamental, e na psicologia é uma peça-chave justamente para a questão da cura, da reparação e do próprio amadurecimento da pessoa”, conclui o padre.

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