Cerca de 700 católicos se reuniram em frente a uma das igrejas destruídas e queimadas em Jaranwala, Paquistão, no domingo (20), para participar de uma missa celebrada pelo bispo de Faisalabad, dom Indrias Rehmat, segundo a ACN Espanha. Os protestos violentos e ataques contra cristãos eclodiram na semana passada devido a uma suposta profanação do Alcorão.

No final da missa diante dos escombros da igreja de São Paulo, um líder da comunidade cristã disse que “a maioria das pessoas chorava” durante a celebração litúrgica, acrescentando que “foi um momento muito doloroso, mas uma oportunidade de partilhar com os outros” a sua “dor pela perda” e a sua “tristeza”. Mais de 30 policiais protegiam os católicos presentes no local.

Esta mesma pessoa, que não revela a sua identidade por razões de segurança, disse à ACN: “Quando chegamos, havia muçulmanos locais que nos olhavam com rostos zangados. Eles começaram a nos insultar e a usar linguagem vexatória”.

“Há pessoas que voltaram para casa e não têm para onde ir. O que não pode acontecer é que continuem dormindo na rua ou no campo”. E acrescentou: “Muitas famílias ficam sem comer, porque não têm nem fogão, por isso não conseguem nem fazer chá. Estão psicologicamente muito afetados e assustados.”

O arcebispo de Barcelona e presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), cardeal Juan José Omella, falou sobre a situação através da sua conta de X (antigo Twitter):

“Rezo pelos cristãos no Paquistão que estão sofrendo uma perseguição injusta. Se aceitamos a agressão como razão e a perseguição como norma, nunca criaremos sociedades justas onde possamos viver livremente a nossa fé”, escreveu na segunda-feira (21).

Em um comunicado, publicado pela Good News Catholic TV do Paquistão, o arcebispo de Karachi, dom Benny Travas, disse que os cristãos, "com grande espanto e incredulidade", foram "novamente confrontados com ódio aberto e raiva incontrolável".

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“Mais uma vez, temos as mesmas sentenças e visitas de sempre, onde se solidarizam e prometem que a justiça será feita, mas na realidade nada se concretiza e tudo fica esquecido”, disse dom Travas sobre as declarações de políticos do Paquistão sobre os ataques.

O comunicado termina com um chamado ao governo paquistanês. Dom Travas disse que “devem ser solidários com a comunidade cristã nesta hora de dor, agindo resolutamente contra aqueles que fizeram justiça com as próprias mãos e destruíram e profanaram igrejas, as Sagradas Escrituras e as casas de tantas pessoas”.

A Conferência dos Bispos Católicos do Paquistão convocou “um dia de oração” que aconteceu no domingo (20), “tendo em vista a situação e os incidentes em Jaranwala”. A conferência convidou "todos os cristãos e pessoas de boa vontade" a rezar pelos acontecimentos dos últimos dias e pela paz e concórdia no país.

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