O papa Francisco recebeu hoje (11) no Vaticano o Catholicos da Igreja Ortodoxa Siro-Malancar da Índia, sua santidade Baselios Marthoma Mathews III.

O papa agradeceu ao Senhor “pelos laços criados nas últimas décadas”. “A aproximação de nossas Igrejas, após séculos de separação, começou com o Concílio Vaticano II, ao qual a Igreja Ortodoxa Siro-Malancar enviou alguns observadores”, disse Francisco.

O papa Francisco recordou a audiência com o antecessor do atual patriarca, sua santidade Baselios Marthoma Paulose II, “que tive a alegria de receber no início do meu pontificado, em setembro de 2013”.

O papa falou do do aniversário de 1,7 mil anos do primeiro Concílio Ecumênico, ocorrido em Niceia em 325, séculos antes da separação das Igrejas orientais. “Gostaria que celebrássemos todos juntos”, disse o papa ao Catholicos.

Para Francisco, “as divisões que ocorreram ao longo da história entre nós, cristãos, são lacerações dolorosas infligidas ao Corpo de Cristo, que é a Igreja”.

“Ainda sentimos as consequências”, disse. “Se juntos colocarmos a mão nessas feridas, se juntos, como o Apóstolo, proclamarmos que Jesus é nosso Senhor e nosso Deus, se com um coração humilde nos confiarmos à sua graça, poderemos apressar o tão esperado dia em que, com sua ajuda, celebraremos o mistério pascal no mesmo altar”. “E que chegue logo”, exclamou.

“Enquanto isso, querido irmão, caminhemos juntos na oração que nos purifica, na caridade que nos une, no diálogo que nos aproxima”, continuou o papa.

O papa falou também da criação da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.

“Trata-se de uma Declaração Conjunta, que afirma que o conteúdo de nossa fé no mistério do Verbo Encarnado é o mesmo, embora tenham surgido diferenças de terminologia e ênfase na formulação ao longo da história”, disse.

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Segundo o papa, “de forma admirável, o documento declara que ‘essas diferenças são tais que podem coexistir na mesma comunhão e, portanto, não nos dividem nem devem nos dividir, especialmente quando anunciamos Cristo aos nossos irmãos e irmãs em todo o mundo em termos que podem ser facilmente compreendidos’”.

Para Francisco, “anunciar Cristo une, não divide; o anúncio comum de nosso Senhor evangeliza o próprio caminho ecumênico”.

O papa disse que os frutos desta cooperação são “conquistas maravilhosas” e que “o ecumenismo pastoral é o caminho natural para a plena unidade”.

Disse também que, neste caminho para a plena unidade, “outro caminho importante é o da sinodalidade”. O papa destacou que um delegado fraterno da Igreja Ortodoxa Siro-Malancar vai participar da próxima sessão da Assembleia do Sínodo dos Bispos que acontecerá em de outubro em Roma.

O papa observou que “o movimento ecumênico está contribuindo para o processo sinodal em andamento da Igreja Católica” e disse esperar que “o processo sinodal possa, por sua vez, contribuir ao movimento ecumênico”.

“Sinodalidade e ecumenismo são, de fato, dois caminhos que seguem juntos, partilhando o mesmo objetivo, o da comunhão, que significa um melhor testemunho dos cristãos ‘para que o mundo creia’”, disse.

“E não nos esqueçamos - e digo isso aos católicos - que o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo, não nós”, acrescentou.

Pediu ainda que “a contemplação comum do Senhor crucificado e ressuscitado favoreça a cura completa das nossas feridas passadas”.