Dom Ettore Balestrero, observador permanente da Santa Sé no Escritório das Nações Unidas e Instituições Especializadas em Genebra, Suíça, recordou que o aborto não é legítimo em nenhum caso, mesmo que “uma maioria de indivíduos ou Estados o afirme”.

“Os direitos humanos não são simplesmente um privilégio concedido aos indivíduos por consenso da comunidade internacional”, mas representam “aqueles valores objetivos e atemporais que são essenciais para o desenvolvimento da pessoa humana”, disse na quarta-feira (13) durante seu discurso perante o 54º Conselho de Direitos Humanos.

Para Balestrero, se uma maioria decidisse ignorar algum direito da Declaração Universal, isso não diminuiria a validade desse direito, nem seria uma desculpa para que fosse desrespeitado.

Dom Balestrero alertou sobre os supostos “novos direitos”, que não são legítimos “só porque a maioria dos indivíduos ou dos Estados os afirma”. Para ele, o exemplo mais claro “é representado pelos aproximadamente 73 milhões de vidas humanas inocentes que são interrompidas todos os anos no útero materno, sob o pretexto de um suposto 'direito ao aborto'”.

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Adotar uma “opção preferencial pelos pobres”

Depois de 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “muitos de nossos irmãos e irmãs ainda sofrem com guerras, conflitos, fome, preconceito e discriminação”, disse dom Balestrero. Ele acrescentou que hoje “qualquer pessoa percebida como fraca, pobre ou sem 'valor' de acordo com certas normas culturais é ignorada, marginalizada ou até mesmo considerada uma ameaça a ser eliminada".

Segundo Balestrero, “é essencial adotar uma opção preferencial pelos pobres e marginalizados, para defender seus direitos universais e permitir que eles prosperem e contribuam para o bem comum”. Ele também fez eco às palavras do papa Francisco para "combater a cultura do descarte".

Por fim, fez referência à encíclica Fratelli tutti de Francisco, especificamente uma passagem que alude à marginalização dos fracos e vulneráveis, dizendo que é preciso “viver e ensinar o valor do respeito pelos outros, um amor capaz de acolher as diferenças e a prioridade da dignidade de cada ser humano sobre suas ideias, opiniões, práticas e até pecados”.