20 de set de 2023 às 14:52
Um padre na China foi condenado por “fraude” e por “se passar por clérigo religioso” em 13 de setembro, porque se recusou a aderir à Associação Patriótica Católica Chinesa (CCPA,), controlada pelo Estado, segundo a ChinaAid.
O padre Joseph Yang Xiaoming, da diocese de Wenzhou, em Zhejiang, sul de Xangai, recebeu punições administrativas, impostas por um tribunal, incluindo “cessação de suas atividades (sacerdotais), confisco de rendimentos ilegais de 28.473,33 yuans (cerca de R$18,9 mil) e uma multa de 1.526,67 yuans (Pouco mais de R$ 1 mil)”, segundo a UCA News.
O padre recorreu das acusações apresentando ao tribunal um certificado de ordenação válido “emitido pelo bispo de Wenzhou e pelo Departamento de Assuntos Religiosos do Distrito de Longwan”. O governo de Longwan “reconheceu a autenticidade do documento no tribunal, aceitando assim que foi ordenado segundo as regras da Igreja Católica”.
O padre, de 33 anos, nasceu em Longwan, distrito da cidade de Wenzhou, província de Zhejiang, e foi ordenado sacerdote em 2020 por dom Peter Shao Zhumin.
Dom Zhumin foi nomeado pelo papa bispo coadjutor de Yongjia em 2011, e bispo da diocese em 2016. Em nenhuma das ocasiões foi aprovado pela CCPA. Zhumin recusou-se repetidamente a reconhecer a Associação Patriótica e foi preso várias vezes, a mais recente em 18 de fevereiro deste ano.
A crescente supervisão da atividade religiosa pelo Partido Comunista Chinês
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Nos últimos cinco anos, houve uma centralização da supervisão governamental das atividades religiosas na China. Em 2018, a Administração Nacional de Assuntos Religiosos (NRAA, na sigla em inglês) passou a fazer parte do Departamento de Trabalho da Frente Unida (UFWD, na sigla em inglês), que está sob o controle direto do Comitê Central do Partido.
Em dezembro de 2019, foram publicadas as “Medidas Administrativas para Grupos Religiosos”, que entraram em vigor em 1º de fevereiro de 2020. Este documento de 41 artigos promulgou disposições mais rigorosas para a expressão religiosa, impondo novas regras sobre a estrutura, função e supervisão administrativa dos grupos religiosos.
Por exemplo, o artigo 3 diz: “Sem a aprovação do Departamento de Assuntos Religiosos do governo popular, nem o registro no Departamento de Assuntos Civis do governo popular, não são permitidas atividades religiosas em nome de organizações religiosas”.
Em 23 de maio de 2021, foi lançada a base de dados para o clero católico. O registro é obrigatório e se algum membro do clero for considerado culpado de violar alguma das regras, a sua filiação oficial poderá ser cancelada e as suas funções religiosas suspensas.
Embora os funcionários do governo digam que a base de dados foi criada para reprimir os clérigos fraudulentos, o caso do padre Yang revela que na verdade é apenas um pretexto para forçar os clérigos obstinados a registarem-se em organizações religiosas autorizadas pelo Estado.
Até agora, a Santa Sé não deu nenhuma declaração sobre a condenação do padre Yang. Esta semana, o cardeal Matteo Zuppi esteve em Pequim como enviado especial do papa para ajudar a promover a paz e iniciativas humanitárias face à guerra em curso na Ucrânia.