O Arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schönborn destacou que a primeira encíclica do Papa Bento XVI, "Deus Caritas est", "toca o tema central da Fé cristã: o Amor".

Em uma entrevista concedida à agência austríaca Kathpress, o Cardeal Schönborn assinalou que "um sinal claramente destacável é que o Santo Padre em sua primeira encíclica não tenha posto como cortina de fundo algo simplesmente moral ou doutrinal, mas a certeza fundamental da vitória definitiva do Amor sobre toda injustiça".

"Deus é Amor e a pessoa humana foi criada para o amor, por isso encontra sua plenitude no Amor. Essa é a mensagem positiva fundamental do Papa", disse o Cardeal.

Assinalou também que percebia nela o que seria uma nova dimensão na vida do antes Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O Cardeal destacou que nos 23 anos que o Cardeal Ratzinger esteve à frente deste dicastério, deveu tratar em ocasiões com os assuntos negativos da Igreja, mas a Encíclica não mostra marca alguma de pessimismo ou ceticismo.

O Arcebispo vienense disse mais adiante, que o impressionou especialmente que "o Papa, apesar de todos os sofrimentos existentes, confie tão firmemente na força da caridade".

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Explicou que a Encíclica "é um claro estímulo à caridade, um apelo a não desanimar-se frente as vozes críticas, mas a sentir-se reanimado a continuar trabalhando ativamente para estabelecer condições mais justas na economia, a política e a sociedade".

Assinalou que embora não significa entremeter ou se misturar, por outro lado, na política concreta do dia a dia, "a encíclica é certamente algo muito interessante para os políticos, pois destaca reflexões fundamentais do Papa sobre as relações entre Igreja e Estado".

O Cardeal qualificou positivamente "a excelente conjunção entre as duas partes da Encíclica, onde a teórica primeira parte se desprende em uma segunda, orientada para o exercício da Caridade. A primeira apresenta a visão do Amor na Bíblia e a Tradição, da qual se desprende a segunda, que aponta para a Caridade concretizada no amor ao próximo".

"Neste sentido –continuou– podemos falar talvez da primeira ‘Encíclica da Caridade’ na história do Magistério Pontifício. ‘Deus Caritas est’ se situa, entretanto na tradição das encíclicas sociais, certamente se trata de um passo mais, depois da ‘Centesimus annus’ que João Paulo II escreveu em 1991. O Papa quis dar um claro acento no ensino social católica, que mostra sua preocupação por dar continuidade ao compromisso social da Igreja", assinalou o Cardeal Schönborn.

Como indicou em seguida o Cardeal vienense, a Encíclica é um estimulante ânimo a todos os que trabalham e colaboram no âmbito da caridade, a que não percam de vista a verdadeira fonte de seus esforços. Recordou que muito consciente das dificuldades que existem no trabalho social, o Papa destacou a importância da oração, pois somente em contato direto com Deus, obtêm-se as forças que fazem finalmente possível assistir às pessoas que sofrem sem ficar nenhum pelo caminho.