30 de set de 2023 às 08:33
“O colégio de cardeais é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a dimensão harmônica e a sinodalidade da Igreja”, disse o papa Francisco hoje (30) na celebração do consistório público ordinário, no qual criou 21 novos cardeais.
Na homilia pronunciada após a leitura do trecho evangélico da vinda do Espírito Santo sobre o colégio apostólico em Pentecostes, o papa disse que “a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.
Francisco destacou que “a diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum. E para isso a escuta mútua é fundamental”.
Ainda citando sobre a metáfora, o papa falou sobre o ministério petrino. “O regente da orquestra está ao serviço desta espécie de milagre que é cada vez a interpretação de uma sinfonia” e “deve ouvir mais do que qualquer outra pessoa”, disse.
O papa falou com os presentes sobre sua impressão de que “nos faz bem refletir sobre a imagem da orquestra para aprender cada vez melhor a ser uma Igreja sinfónica e sinodal”.
Ele convidou especialmente os membros do colégio cardinalício a considerar esta proposta “na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo:, que é o maestro interior de cada um e o maestro do caminhar juntos: que seja Ele o protagonista, Ele é a própria harmonia”.
Depois de um momento de silêncio, o papa pronunciou as palavras rituais da criação dos 21 novos cardeais e o nome de cada um, alguns dos quais foram aplaudidos pelos fiéis presentes na Praça de São Pedro.
Diante do papa, os novos cardeais, a quem o Francisco recordou na homilia que são servos “e não oficiais”, renovaram a sua adesão ao papa e ao Credo da Igreja Católica, proclamado em latim:
“Prometo e juro permanecer, a partir de agora e para sempre enquanto tiver vida, fiel a Cristo e ao seu Evangelho, constantemente obediente à Santa Apostólica Igreja Romana. A são Pedro na pessoa do Sumo Pontífice e aos seus sucessores canonicamente eleitos. Conservar sempre em palavras e ações a minha comunhão com a Igreja Católica. Não revelar a ninguém o que me foi confiado a ser custodiado e cuja revelação poderia causar dano ou desonra à Santa Igreja. Cumprir com grande diligência e fidelidade os deveres a que sou chamado no meu serviço à Igreja, segundo as normas do direito”.
Imposição do barrete e anel
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“Para louvor de Deus Todo-Poderoso e para o decoro da Sé Apostólica, receba o barrete vermelho como sinal da dignidade do cardinalato, o que significa que deve estar disposto a se comportar com coragem e até a ponto de derramar sangue pelo aumento da fé cristã e pela paz e tranquilidade do Povo de Deus, pela liberdade e difusão da Santa Igreja Romana”.
Depois que o papa Francisco pronunciou estas palavras, os novos cardeais presentes se dirigiram até ele para receber o solidéu e o barrete escarlates dos cardeais.
Antes de lhes entregar o anel correspondente, um a um, o papa pronunciou as palavras: “Recebei o anel da mão de Pedro, sabendo que com o amor do Príncipe dos Apóstolos o vosso amor pela Igreja se fortalece”.
Os fiéis presentes na Praça de São Pedro reagiram com aplausos ao ouvir o nome de cada um dos cardeais.
Ao concluir o rito com os novos cardeais presentes, o papa pronunciou o nome do cardeal Luis Pascual Dri, confessor no santuário de Nossa Senhora de Pompéia, Argentina, que não pôde ir ao Vaticano por motivos de saúde.
Os novos cardeais, que a partir de hoje colaborarão no governo universal da Igreja sob a autoridade do papa, trocaram saudações com os restantes membros do colégio cardinalício.
Depois de rezar o Pai-Nosso, o papa deu a bênção apostólica e foi cantada a Salve Regina. Antes de voltar a entrar na basílica de São Pedro, os novos cardeais tiveram a oportunidade de trocar uma nova saudação com o papa, já na cadeira de rodas que usa para seus deslocamentos há meses.
Composição do colégio cardinalício
Com a criação destes 21 novos cardeais, o colégio cardinalício está composto por 242 membros, dos quais 137 terão direito a voto em um futuro conclave, enquanto 105 não poderão participar na eleição do novo papa, pois têm mais de 80 anos.
Desde sua eleição, o papa Francisco celebrou um consistório por ano, exceto em 2021. Ele já criou 121 cardeais.