Momentos depois de receber a púrpura cardinalícia, o novo cardeal argentino Víctor Manuel “Tucho” Fernández, manifestou a sua preocupação porque “se espera muito deste sínodo” e por isso pediu para “baixar as expectativas” já que, garante, “quem espera grandes mudanças, vai se decepcionar”.

O cardeal “Tucho” Fernández, recentemente nomeado prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, deu esta declaração à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, durante o tempo destinado às visitas de cortesia aos novos cardeais no Palácio Apostólico do Vaticano, depois do consistório celebrado pelo papa Francisco hoje (30).

O cardeal, conhecido por ser “teólogo do papa Francisco” e seu escritor fantasma, destacou que “as pessoas que temem avanços doutrinários estranhos ou descabidos, e as pessoas que, pelo contrário, esperam grandes mudanças, vão ficar realmente decepcionadas”.

Ele disse que o Sínodo sobre a Sinodalidade, que vai começar na quarta-feira (4), no Vaticano, “não é pensado dessa forma”. “Pelo menos este ano”, enfatizou.

“Depois, veremos o que surge e no próximo ano veremos o que acontece, mas para este Sínodo, este ano, não podemos esperar muito”, comentou o cardeal Fernández.

Ele ressaltou, no entanto, que algo pode ser esperado “no sentido de aprofundar a nossa autoconsciência, do que somos como Igreja, do que o Senhor nos pede, e do que o mundo de hoje também espera e como podemos alcançar melhor as pessoas com a mensagem habitual”.

“Se conseguirmos alcançar uma luz que nos guie, que nos oriente, para o futuro do que devemos ser diante do povo de Deus e diante do mundo, acho que seria imenso, mas não atrairá a atenção de ninguém. Não se pode fazer disso uma manchete”, insistiu.

O novo cardeal, que desde setembro deste ano ocupa aquele que é talvez o cargo mais poderoso na Santa Sé depois do papa, sugeriu “a todos, inclusive aos jornalistas, que baixem as suas expectativas” porque, garantiu, “não haverá muita novidade” depois deste sínodo.

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O cardeal, de 61 anos, disse à ACI Prensa que a nomeação como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé foi “mais impactante” do que o fato de ter sido criado cardeal. “Porque envolve um trabalho muito intenso, que faço com prazer, porque boa parte tem a ver com teologia, que é algo que me apaixona”, disse.

 

“Sonhava em voltar a estudar e lecionar depois dos 65 anos. Na verdade não vou dar aula, mas tenho que estudar, e isso é algo que gosto”, disse.

Ele disse que tem “uma equipe muito boa” no dicastério, formada por teólogos e especialistas, o que lhe dá “mais segurança”.

“Por outro lado, a nomeação de cardeal não me parece ter sido essencial; além disso, como o papa Francisco tem ‘essas ideias’, poderia deixar-me como prefeito sem esta nomeação”, acrescentou.

Para “Tucho” Fernández, o vermelho “tem aquele significado simbólico da doação de sangue, que é um apelo a uma entrega mais plena, mais corajosa, mais livre do próprio ego e das próprias necessidades”.

Ele disse que ser criado cardeal é “uma vocação profundamente espiritual”, embora pareça “uma coisa muito ‘ritual’” e talvez um tanto “vã”. Por isso, concluiu dizendo que procurou considerá-lo “como um apelo ao crescimento pessoal ao serviço da Igreja”.

O cardeal Víctor Manuel Fernández foi nomeado para a diaconia dos Santos Urbano e Lorenzo a Prima Porta durante o consistório celebrado na manhã de hoje pelo papa Francisco, no qual foram criados outros 20 cardeais.