Papa Francisco publicou hoje (15), uma exortação apostólica intitulada Ces't la confiance (Só a confiança) sobre a confiança no amor misericordioso de Deus, por ocasião do 150º aniversário do nascimento de santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face.

O documento é composto por 10 páginas, está dividido em 53 pontos separados em 4 seções com os títulos: Jesus for Others (Levar Jesus aos outros), The Little Way of Trusting in Love (O caminho da confiança e do amor), I Will Be Love (Serei o amor) e At the Heart of the Gospel (No coração do Evangelho).

A Sala de Imprensa da Santa Sé enviou o texto aos meios de comunicação nos seguintes idiomas: espanhol, italiano, francês, inglês, alemão, português, polonês e árabe.

No início do texto, o papa destaca que a frase da santa francesa "C'est la confiance et rien que la confiance qui doit nous conduire à l'Amour" (só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor) explica "a genialidade da sua espiritualidade e seriam suficientes para justificar o facto de ter sido declarada doutora da Igreja".

O papa também explica por que decidiu publicar o documento no dia da festa de outra santa carmelita e doutora da igreja, santa Teresa de Ávila, para "apresentar santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face como um fruto maduro da reforma do Carmelo e da espiritualidade da grande santa espanhola".

Francisco também destaca que, apesar de sua curta vida, "a igreja rapidamente reconheceu o valor extraordinário de sua figura e a originalidade de sua espiritualidade evangélica".

Assim, ele enfatiza sobre seu legado espiritual que "as últimas páginas da História de uma alma são um testamento missionário, exprimem à sua maneira de entender a evangelização por atração, e não por pressão ou proselitismo". E que "uma das descobertas mais importantes de Teresinha, para bem de todo o Povo de Deus, é o seu "caminhito", o caminho da confiança e do amor, conhecido também como o caminho da infância espiritual".

 

Primazia da ação Divina

Por outro lado, o papa ressalta que a santa padroeira das missões "prefere sublinhar o primado da ação divina e convidar à plena confiança, tendo diante dos olhos o amor de Cristo que Se nos deu até ao fim", de tal forma que "é impossível estar seguros de possuir méritos próprios".

E acrescenta: "a atitude mais adequada é depositar a confiança do coração fora de nós mesmos, ou seja, na infinita misericórdia de um Deus que ama sem limites e que deu tudo na Cruz de Jesus".

Este abandono a Deus "não deve ser entendida apenas em referimento à própria santificação e salvação", mas, para o papa, "mas possui um sentido integral, que abraça o conjunto da existência concreta e aplica-se a toda a nossa vida, onde muitas vezes nos dominam os medos".

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Confiança e humildade

Outro ensinamento do legado espiritual da jovem santa francesa que Francisco enfatiza é que "Teresa vive a caridade na pequenez, nas coisas mais simples da existência de cada dia, e fá-lo em companhia da Virgem Maria".

Deste modo, santa Teresa "mostra, a partir do Evangelho, que Maria é a maior do Reino dos Céus porque é a mais pequena, a mais próxima de Jesus na sua humilhação".

 

O coração da igreja

Papa Francisco também convida os fiéis a contemplar a descoberta que a santa fez sobre seu lugar na Igreja: "No coração da igreja, minha Mãe, eu serei o Amor. Assim serei tudo...

Com esta perspectiva, Francisco destaca que esta descoberta "é uma grande luz também para nós hoje, a fim de não nos escandalizarmos por causa das limitações e fraquezas da instituição eclesiástica, marcada por obscuridades e pecados, e entrarmos no seu coração ardente de amor, que se incendiou no Pentecostes graças ao dom do Espírito Santo".

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Nos últimos parágrafos do documento, o papa afirma que "o contributo específico que Teresinha nos oferece como santa e doutora da igreja não é analítico", mas "é sobretudo sintético, porque a sua genialidade consiste em levar-nos ao centro, àquilo que é essencial, àquilo que é indispensável".

"Às vezes, de Teresa, citam-se apenas expressões que são secundárias ou mencionam-se coisas que ela pode ter em comum com qualquer outro santo", explica o papa, antes de detalhar como sua vida é um exemplo para nossos dias.

"Num tempo que nos convida a fechar-nos nos próprios interesses, Teresinha mostra a beleza de fazer da vida um dom. Num período em que prevalecem as necessidades mais superficiais, ela é testemunha da radicalidade evangélica. Numa época de individualismo, ela faz-nos descobrir o valor do amor que se torna intercessão. Num momento em que o ser humano vive obcecado pela grandeza e por novas formas de poder, ela aponta a via da pequenez”.

E continua: "Num tempo em que se descartam tantos seres humanos, ela ensina-nos a beleza do cuidado, do ocupar-se do outro. Num momento de complexidade, ela pode ajudar-nos a redescobrir a simplicidade, o primado absoluto do amor, da confiança e do abandono, superando uma lógica legalista e moralista que enche a vida cristã de obrigações e preceitos e congela a alegria do Evangelho. Num tempo de entrincheiramento e reclusão, Teresinha convida-nos à saída missionária, conquistados pela atração de Jesus Cristo e do Evangelho”.