16 de out de 2023 às 09:55
“O sínodo não pode suprimir páginas da bíblia, o sínodo não tem esse tipo de autoridade, nem o papa remotamente quer isso”, disse o arcebispo de Manizales, Colômbia, dom José Miguel Gómez Rodríguez, em entrevista sobre a sua experiência no Sínodo da Sinodalidade que acontece neste mês de outubro no Vaticano.
O Sínodo da Sinodalidade foi convocado no mês de outubro de 2021 com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Para a sessão que acontece neste mês de outubro em Roma foram convocadas 365 pessoas, entre bispos, religiosos, sacerdotes, diáconos e leigos. Pela primeira vez, os não-bispos – incluindo 54 mulheres – têm o direito de voto.
Em uma entrevista concedida à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o arcebispo de Manizales respondeu à pergunta sobre se o sínodo poderia aprovar a bênção de casais homossexuais e a ordenação de mulheres: “Não, mas a Igreja já conhece essa resposta”.
“Antes do sínodo, poucos dias antes, publicaram as respostas do papa a algumas perguntas ou dúvidas que alguns cardeais tinham levantado, e essas perguntas também estão lá, de tal forma que o que o papa quer é que tratemos, com muito respeito e com muita delicadeza, as perguntas que as pessoas têm no coração e que as respondamos com tal altura que ninguém se sinta ofendido, que todos tenham claro na mente a razão das coisas”, disse dom Gómez.
“Há uma má imprensa contra o Santo Padre que não é justa e que tem como objetivo o mesmo que tentam fazer no mundo, que é a luta de classes. Eles querem separar os católicos do papa e o papa dos católicos”, alertou.
A beleza da Igreja
Sobre os temas discutidos no sínodo, o arcebispo disse que muitos deles “têm a sua origem no desejo de que a Igreja desperte um pouco mais, que os católicos não só descubram a beleza do Evangelho, mas a beleza de participar na Igreja”.
Por isso, continuou, “os três grandes blocos de perguntas chamam-se comunhão, participação e missão, mas há também outras questões que, por honestidade, parece-me que o papa quer que coloquemos diante dos nossos olhos e elas são aquelas que às vezes vêm de determinados grupos, grupos que às vezes lançam sobre si mesmos uma luz que não gostariam de ter, mas que eles próprios são responsáveis por projetar sobre si mesmos, para se reivindicarem por uma coisa ou outra”.
"É claro que o sínodo está enfrentando esses temas com muita dignidade e caridade", disse.
A universalidade
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Sobre a sua experiência pessoal no sínodo, dom Gómez disse à ACI Prensa que a primeira coisa que experimentou foi “a admiração pelo que sempre se vê nos sínodos. Esse é, graças a Deus, o segundo que consigo participar. O primeiro foi o da Palavra de Deus. Lembro-me que também naquela ocasião o que mais me surpreendeu foi ver a universalidade da Igreja, ver os bispos de todo o mundo”.
Um segundo aspecto que chama a sua atenção, disse, é que “o Espírito Santo está realmente trabalhando. Existem coincidências incríveis em algumas coisas sobre as quais não teríamos conseguido chegar a acordo nos nossos países de origem, considerando que muitos de nós nem sequer nos conhecíamos. E temos coincidências muito grandes em termos de acentos, de insistências, de sugestões. Surgiram coisas muito interessantes”.
O que a Igreja pode esperar do Sínodo da Sinodalidade
"O que acho que podemos esperar do sínodo é que ele nos colocará todos para trabalhar na mesma tarefa", disse dom Gómez.
“Há muitos anos que vemos uma enorme massa de católicos que não parecem interessados na vida da Igreja em si, há muito tempo pensando que a Igreja deve ser feita por padres e que devemos reclamar com eles por isso”, continuou o arcebispo.
“Chegou o momento em que todos devemos nos perguntar ‘e eu, o que faço?’. E acho que isso é sinodalidade”.
Dom José Migué Gómez Rodríguez nasceu em 24 de abril de 1961. Tem 62 anos. Foi ordenado sacerdote em 2 de fevereiro de 1987.
Foi diretor do Departamento de Catequese e Pastoral Bíblica da Secretaria Permanente do Episcopado Colombiano e professor de Sagrada Escritura no seminário maior de San José de Bogotá.
Em novembro de 2004, foi nomeado bispo do Líbano-Honda, recebendo a consagração episcopal em 5 de fevereiro de 2005. Em fevereiro de 2015, foi nomeado bispo de Facatativá, até que em abril de 2021 foi nomeado arcebispo de Manizales, seu cargo atual.