31 de out de 2023 às 12:59
No domingo (29), o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, consagrou a Terra Santa ao Imaculado Coração de Maria. O cardeal celebrou uma missa solene no Santuário Mariano de Deir Rafat (Israel), perto de Jerusalém, de onde foi pronunciado o ato de consagração.
O santuário de Deir Rafat, também conhecido como Santuário de Nossa Senhora Rainha da Palestina e da Terra Santa, foi construído em 1927. A celebração litúrgica, dedicada a este título mariano, contou com a presença de vários bispos, padres, freiras e alguns fiéis leigos que conseguiu chegar ao templo.
Na sua homilia, o cardeal Pizzaballa disse que, atualmente, parece difícil encontrar esperança na região, mas que os cristãos devem ter plena confiança no amor e na sabedoria de Deus. E falou da importância de “ler a Palavra de Deus nestes tempos difíceis, especialmente os Evangelhos”.
“Que Nossa Mãe, a Virgem Maria, nos console, nos acompanhe e nos ajude a nos submeter à Palavra de Deus, para que cresça em nós a semente da humildade e da confiança”, disse o patriarca latino de Jerusalém.
Dom William Shomali, vigário-geral do patriarcado, recitou o ato de consagração da Terra Santa ao Imaculado Coração de Maria após a comunhão.
O texto pede a Nossa Senhora que, nestes tempos de guerra e violência na Terra Santa, “nunca deixe de nos guiar a Jesus, Príncipe da Paz”. O texto evidencia que a humanidade se desviou do caminho da paz e esqueceu as lições aprendidas com os conflitos do século passado.
Dom Shomali disse que os pecados dos homens, que se recusam a viver como irmãos, “quebrantaram o coração do Pai”. E acrescentou que “com vergonha” devemos procurar e pedir o seu perdão.
“Santa Mãe, no meio das nossas lutas e fraquezas, no meio do mistério da iniquidade que é o mal e a guerra, Tu nos lembras que Deus nunca abandona o seu povo, mas continua olhando para nós com amor. “Ele te entregou a nós e fez do teu Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para toda a humanidade”, leu o vigário-geral.
Além de Israel e da Palestina, também foram consagrados os povos do Oriente Médio, a Igreja e toda a humanidade. “Faça com que a guerra acabe e a paz se espalhe pelas nossas vilas e cidades”, diz o texto. O ato de consagração pede que, por intercessão de Maria, a misericórdia de Deus seja derramada sobre o mundo inteiro.
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Por fim, dom Shomali rezou a Nossa Senhora: “Tu, que um dia percorreste as ruas da nossa terra, guia-nos agora pelos caminhos da paz”.
Após a missa, os presentes caminharam em procissão com a imagem da Rainha da Palestina e da Terra Santa pelo pátio do santuário, “cantando hinos marianos e orações pela paz”.
A nova escalada de violência na região começou em 7 de outubro, quando o grupo terrorista islâmico Hamas invadiram Israel a partir da Faixa de Gaza. Também nesse mesmo dia, centenas de mísseis foram lançados em território israelense. Mais de mil civis morreram e cerca de 200 pessoas foram sequestradas. Em retaliação, Israel respondeu com a “Operação Espada de Ferro”, uma série de bombardeios e ataques terrestres contra Gaza, com número desconhecido de vítimas, além do bloqueio da área.
Origens do conflito
O conflito entre Israel e os árabes data da criação do Estado judeu. Em 1948, as Nações Unidas decidem que o protetorado britânico na região deveria ser dividido entre dois estados, um para os judeus e outro para os árabes da região. Jerusalém seria uma cidade internacional devido à sua importância como local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos.
Os judeus aceitaram imediatamente a resolução e fundaram Israel. Os árabes rejeitaram a ideia de um estado judeu. O Egito, a Síria e a Jordânia invadiram o território atribuído pela ONU ao Estado árabe e declararam guerra a Israel.
Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel invadiu os territórios ocupados pela Jordânia, Egito e Síria, incluindo Jerusalém, então ocupada pela Jordânia.
Em 1993, Israel e a Organização para a Libertação da Palestina assinaram um tratado de paz conhecido como Acordo de Oslo. A Autoridade Palestiniana assumiu o controle parcial da Faixa de Gaza e da Cisjordânia em troca do reconhecimento da existência de Israel.
O Hamas, um grupo radical islâmico formado em 1987, nunca aceitou o acordo de Oslo e iniciou uma luta tanto contra a Fatah, o grupo que controla a Autoridade Palestiniana, como contra Israel. Desde 2007, após ser eleito pela primeira vez, o Hamas controla a Faixa de Gaza. O Fatah continua no controle da Cisjordânia.