14 de nov de 2023 às 16:32
Ayaan Hirsi Ali, crítica de longa data do islã e ateia declarada durante anos, disse esta semana que “agora é cristã”, fruto de uma jornada espiritual quanto e como resposta ao “vácuo niilista” do mundo moderno.
Hirsi Ali, nascida e criada na Somália, sofreu mutilação genital feminina. Em 2002, deixou o islã e se declarou ateia. Exilada na Holanda, Hirsi Ali foi deputada no Parlamento holandês. Emigrada para os EUA, trabalhou na Hoover Institution da Universidade de Stanford e no American Enterprise Institute, ganhando vários prêmios por seu ativismo global contra a violência islâmica.
Em ensaio publicado ontem (13) no site político britânico UnHerd, ela disse que, embora tenha sido ateia por mais de duas décadas, agora se considera membro do cristianismo.
Ela escreveu que se voltou para o cristianismo em parte “porque, em última análise, achou a vida sem qualquer consolo espiritual insuportável – na verdade, quase autodestrutiva”.
“O ateísmo não conseguiu responder a uma pergunta simples: Qual é o significado e o propósito da vida?” disse ela. “O vazio deixado pelo recuo da Igreja” no mundo moderno “foi meramente preenchido por uma confusão de dogma irracional quase religioso”.
Hirsi Ali disse no ensaio que “não há necessidade de procurar alguma mistura de medicação e mindfulness da nova era” para enfrentar as crises atuais: “O cristianismo tem tudo”.
Outra razão pela qual fez essa mudança, disse ela, é “global”: “a civilização ocidental está sob ameaça” de múltiplas frentes como a Rússia a China, o “islamismo global” e a “ideologia woke”.
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“Esforçamo-nos para afastar estas ameaças com ferramentas modernas e seculares: esforços militares, econômicos, diplomáticos e tecnológicos para derrotar, subornar, persuadir, apaziguar ou vigiar. E, no entanto, a cada rodada de conflito, perdemos terreno”, escreveu ela.
Para Hirsi Ali, a única maneira de “combater” com sucesso essas ameaças é responder à pergunta “O que é que nos une?”
A “única resposta crível, creio eu, está no nosso desejo de defender o legado da tradição judaico-cristã”, disse ela. Esse legado inclui um “conjunto elaborado de ideias e instituições destinadas a salvaguardar a vida humana, a liberdade e a dignidade”.
A escritora disse que se considera uma “ateia relapsa” que “ainda tem muito que aprender sobre o cristianismo”.
“Descubro um pouco mais na igreja todo domingo”, escreveu ela, “uma maneira melhor de gerir os desafios da existência do que o islã ou a descrença tinham para oferecer”.
Hirsi Ali não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito ontem (13) sobre seu ensaio.