13 de dez de 2023 às 16:01
O papa Francisco revelou que onde gostaria de ser sepultado na basílica de Santa Maria Maior em Roma em entrevista a jornalista Valentina Alazraki, correspondente da Televisa, do México, no Vaticano, e publicada hoje (13), no N+.
Ao contrário dos pontífices dos últimos dois séculos cujos caixões estão nas criptas no subsolo da Basílica de São Pedro no Vaticano, o papa disse que mandou preparar o seu túmulo na basílica de Santa Maria Maior de Roma, , uma das quatro basílicas papais, pela grande devoção que tem à Virgem Salus Populi Romani (protetora do povo romano), a quem disse ter feito uma promessa.
O último papa sepultado fora de São Pedro é Leão XIII, que foi papa de 1878 a 1903.
Em Santa Maria Maior estão sepultados vários papas, como Clemente IX (papa de 1667 a 1669), Paulo V, (1605 a 1621) e Pio V (1566 a 1572).
“E como sempre prometi à Virgem, o lugar já está preparado”, disse o papa à vaticanista mexicana ontem (12), festa de Nossa Senhora de Guadalupe.
“Eu sempre ia lá nas manhãs de domingo, ficava lá por um tempo. Há um vínculo muito grande”, disse o papa sobre sua devoção à Virgem Salus Populi Romani.
Francisco visitou a basílica na manhã seguinte à sua eleição, em 14 de março de 2013, para confiar o seu ministério petrino diante do ícone de Maria Salus Populi Romani.
O papa Francisco visita Santa Maria Maior antes e depois de cada viagem apostólica.
“Preciso que rezem pela minha saúde”
À pergunta se “deveríamos nos preocupar com a saúde dele”, Francisco respondeu que “um pouquinho sim, preciso que rezem pela minha saúde”.
“E a velhice não vem sozinha. A velhice não se maquia, ela é ela mesma, apresenta-se tal como é. E, por outro lado, é preciso saber aceitar os dons da velhice. Deve-se aceitar que se pode fazer muito bem a partir de outra perspectiva. É verdade que as viagens agora estão todas repensadas”, disse.
Ao mesmo tempo, disse que se sente bem e melhorou. “Às vezes me dizem que sou imprudente porque tenho vontade de fazer coisas e me movimentar (…) estou muito bem”, disse.
A “coragem” de Bento XVI
Durante a entrevista, o papa Francisco elogiou a “coragem” de Bento XVI em renunciar ao pontificado, embora tenha dito que nunca pensou em fazer o mesmo. “Quando percebeu que não conseguia, preferiu dizer basta, e isso é bom para mim como exemplo e peço ao Senhor que, em um determinado momento, eu possa dizer basta, mas quando Ele quiser”.
Ele também disse que a sua relação com Ratzinger era “muito próxima”: “Às vezes eu o consultava. Ele, com grande sabedoria, me dava sua opinião, mas dizia 'decida você', deixava nas minhas mãos".
Ele disse que durante o tempo em que conviveram no Vaticano, “ele sempre me ajudava” e foi “muito generoso nesse aspecto”.
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“E tive a graça de poder despedir-me porque descobri por uma enfermeira que ele estava mal e avisei naquela quarta-feira na audiência e fui vê-lo”, disse ele.
Francisco disse que naquele momento Bento XVI “estava lúcido, mas não conseguia mais falar e segurou minha mão, assim. Foi muito bonita aquela despedida. Foi muito bonita. E depois de três dias ele morreu”.
“Bento era um grande homem, um homem humilde e simples que, quando percebeu suas limitações, teve a coragem de dizer chega. Eu admiro esse homem”, disse ele.
Nossa Senhora de Guadalupe “deve nos dar forças para seguir em frente”
No âmbito da festa de Nossa Senhora de Guadalupe, o papa Francisco disse que “o povo mexicano merece uma mãe”.
“Quando falo da Virgem, gosto de usar esse gesto em suas mãos, como a mãe. As mamães que sabem acompanhar seus filhos. E quando os filhos são rebeldes, a mãe se cala, mas os acompanha pacientemente até que lentamente se encontram”, disse ele.
“O Senhor foi grande conosco nos dando uma mãe assim, e temos que repetir essa frase nos momentos de tristeza de amor. 'Estou aqui, que sou a sua mãe. Por que duvida? Não estou eu aqui, que sou a sua mãe?’ e isso deve nos dar forças para seguir em frente.”
Possíveis viagens em 2024
O papa Francisco informou que há uma próxima viagem garantida à Bélgica em 2024 e que há duas ainda por confirmar: “Uma à Polinésia e outra à Argentina, que estão pendentes, veremos como as coisas vão se desenvolver, mas com o tempo vou retomando as coisas”.
Respondendo a uma pergunta sobre a sua possível visita à Argentina depois das polêmicas declarações do novo presidente, Javier Milei, o papa Francisco disse que “na campanha eleitoral, as coisas são ditas em tom de brincadeira, eu digo entre aspas: são ditas de maneira séria, mas são coisas provisórias, coisas que servem para chamar um pouco de atenção, mas que depois desaparecem por si mesmas.”.
“É preciso distinguir muito entre o que um político diz na campanha eleitoral e o que ele realmente faz depois, porque é depois que chega o momento da concretização e das decisões”, disse.
“Ligo todos os dias para a paróquia de Gaza”
No final da entrevista lamentou que “já nos acostumamos” com a guerra na Ucrânia, “e parece que como se fosse o café com leite de todos os dias e lá morrem pessoas, morrem jovens”.
Ele disse “que a guerra é sempre uma derrota, sempre, os únicos que ganham na guerra são os fabricantes de armas”.
“Acabei de falar com Gaza, ligo todos os dias para a paróquia. Há 600 pessoas lá. Os padres e as freiras cuidam de toda aquela gente e me contam o que está acontecendo ali. Aterrorizante, né? O que ganhamos com a guerra? Destruição, nada mais do que isso.” Para o papa, as mães que perdem os filhos nas guerras são “heroínas”.